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Este Blog, do Projeto Prex-Unitau Taubaté Tempo e Memória, tem como objetivo ser um canal de troca de informações sobre a História e a Memória da Região Metropolitana do Vale do Paraíba (RMVale).

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Taubaté Tempo e Memória - 003 - Catedral São Francisco das Chagas - A


PATRIMÔNIO: Catedral São Francisco das Chagas
FICHA Nº: 003-2019


CARACTERIZAÇÃO
Atualmente prédio neo colonial, tem paredes ainda originais de taipa de pilão, interior, eclético altar mor original com proposta rococó.

PROPRIEDADE/COORDENADOR
Diocese de Taubaté.

USO ATUAL
Paróquia Catedral São Francisco das Chagas.

HISTÓRICO
A primeira igreja matriz de São Francisco das Chagas foi construída na época da fundação da cidade, isto é, em 1645. Tratava-se de um requisito básico para um povoado chegar à categoria de vila, juntamente com a cadeia e a câmara. Entretanto, pouco se sabe da antiga matriz, já que muito dos seus documentos se perderam (como o primeiro livro de tombo, nunca encontrado). A própria igreja foi totalmente descaracterizada ao longo dos anos em sucessivas reformas, como a de 1800, que a ampliou e deixou no tamanho atual. Essa reforma mudou também a localização de sua porta principal, deslocando-a 90°. A matriz de São Francisco das Chagas passou a ser Catedral no ano de 1909, quando é instituída a Diocese de Taubaté, uma das mais importantes para a Igreja na região.
Antiga igreja matriz de Taubaté passou por obras onde tenham sido concluídas por volta de 1800, conferindo-lhe as dimensões aproximadas da construção atual, com ocupação da área correspondente à catedral, tendo, porém, modificado a posição da entrada principal, sua fachada, antes voltada para a Rua Coronel Jordão, sendo hoje com a frente voltada para a Rua Duque de Caxias.
Alterando-a em aproximadamente 90º à que já existia, mantendo-se, porém, a antiga matriz original, como uma capela lateral, anexa ao corpo acrescido do templo, em posição perpendicular ao mesmo, capela esta mantida até a atualidade, feita em taipa de pilão.
Durante a década de 1940, a Catedral de São Francisco das Chagas (antiga igreja matriz de Taubaté) sofreu reformas que a descaracterizaram por completo, restando de seu aspecto original, apenas a talha do altar-mor; este, conservado na íntegra, de resto, nada sobrou: o assoalho de tabuado, foi substituído por piso frio; o forro de madeira, por estuque; foram colocados diversos vitrais e, na fachada principal, foi construída uma tribuna e acima desta, um grande nicho, com a imagem de São Francisco das Chagas em tamanho natural. Umas pequenas partes das talhas dos antigos retábulos dos altares laterais da velha matriz pertencem atualmente, ao acervo permanente do Museu de Arte Sacra de Taubaté, instalado na Capela de N. Srª. do Pilar, desde 1985.

OBSERVAÇÕES

A última grande reforma realizada na Catedral foi em 1940, quando da chegada e posse de D. Francisco Borja do Amaral. Foi amplamente documentada pela imprensa da época, já que foi pedido apoio da comunidade para a reforma. Sua reabertura foi um grande evento para a cidade. De O livro “Ser irmão terceiro franciscano”. O livro São Francisco das Chagas de Taubaté de José Bernardo Ortiz. Uma carta de 1712 falando sobre a catedral retirado do livro do tombo da Igreja Matriz.


1. IBGE
ID: 43160
Código de Localidade: 3554102
Município: Taubaté
Tipo de material: fotografia
Título: Catedral de São Francisco de Chagas : Taubaté, SP
Ano: 1975
Descrição física: 1 fot. : p&b
Série: Acervo dos municípios brasileiros

Notas: Construída por determinação do Capitão Jacques Félix, sob a invocação de São Francisco das Chagas, a antiga Igreja Matriz de Taubaté, atual catedral, foi originalmente, bem menor que a construção do presente, restringindo-se, apenas, à área correspondente à Capela do Santíssimo Sacramento, antiga Capela dos Passos. Após a construção da antiga Igreja Matriz de Taubaté, o povoado foi elevado à categoria de Vila em 1645, com o nome de Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté.

Assuntos:
Catedrais; Igrejas (Edifícios); São Paulo (Estado); Taubaté (SP)

Título Secundárias: Igreja Matriz de São Francisco; Igreja Matriz de Taubaté


2. CICTED




Catedral de São Francisco das Chagas:
Fé e memória como patrimônio

Maria Eduarda Rezende Brasil Vieira (dudabrasil013@gmail.com)
Ana Claudia Moreira Rodrigues (annar2@hotmail.com.br)
Orientador: Prof. Me. Armindo Boll (cartataubate2@bol.com.br)
UNITAU – Projeto Taubaté Tempo e Memória – Taubaté, SP

Objeto de nosso estudo, a igreja dedicada a São Francisco das Chagas começou a ser construída por volta de 1640. A construção de uma igreja era um dos requisitos mínimos da época para um povoado ser elevado a categoria de Vila. É o templo mais antigo do Vale do Paraíba. A igreja foi descaracterizada devido às sucessivas reformas. Em 1909, com a nomeação do primeiro bispo Dom Epaminondas, a Igreja Matriz foi elevada à categoria de Catedral. A última grande reforma ocorreu em 1940, concluída em 1950, fazendo com que a arquitetura interna da catedral perdesse muito da sua originalidade.

Metodologia
Como bolsistas e voluntários, participamos do projeto “Taubaté Tempo e Memória”, por meio do qual tivemos acesso aos inventários e ao blog deste, que contribuíram para nossa pesquisa e, durante o mês de Julho de 2016, mediante análise do processo 19775/2016, da Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Taubaté, pudemos tem uma maior compreensão do desenvolvimento relativo ao processo de tombamento da Catedral de São Francisco das Chagas. Usamos também o material do Projeto Prex, coordenado pelo Prof. Me. Armindo Boll, “Taubaté Tempo e Memória” e do Núcleo de Preservação do Patrimônio Cultural – NPPC, coordenado pelos professores da Arquitetura, Benedito Assagra Ribas de Mello e Maria Dolores Alves Cocco.

Resultados
A partir do Projeto “Taubaté Tempo e Memória”, tomamos conhecimento das Atas da Câmara Municipal de Taubaté nas quais estão descritas as sucessivas reformas da Igreja e do processo de tombamento e nos interessamos por conhecer a história da primeira Igreja de taipa-de-pilão erguida em 1645. Fomos visitar o espaço e percebemos que da construção original, pouco se for mantido. Mesmo assim,  é um ambiente evoca a memória, pois é uma das referências mais importantes da cidade e que, efetivamente, será objeto deste tombamento, devido à sua importância para o acervo religioso, artístico e cultural da cidade.

Conclusão
A pesquisa sobre o processo de tombamento de patrimônios e sobre a construção da primeira Igreja até se tornar Catedral é de grande importância para o conhecimento da história de Taubaté, pois a religiosidade fez parte do nosso município desde os primórdios da vila e ainda hoje tem sua importância na história contemporânea desta cidade.

Palavras- chave: Tombamento- Patrimônio Material  e Imaterial- Memória – Catedral

Referências Bibliográficas:
Prefeitura Municipal de Taubaté, Processo 19775-2016 folhas 07 a 09.

Referências Bibliográficas
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopes Louro, 10ª edição, Ed. DP&A, Rio de Janeiro – 2005.
LARAIA, R.B. Cultura (um conceito antropológico), 27ª reimpressão, Ed.Zahar, Rio de Janeiro-1986.
LEMOS, C.A.C. O que é patrimônio histórico, 5ª edição, Ed. Brasiliense s.a., São Paulo-1987.
Pesquisa de fotos e dados junto à Divisão de Museus, Patrimônio e Arquivo Histórico da prefeitura Municipal de Taubaté.


3. História da Docese de Taubaté



Em 7 de junho de 1908 o Papa Pio X, publicou a Bula “Diocesium Nimiam Amplitudinem”, dando uma nova constituição a Província Eclesiástica em São Paulo criando a Arquidiocese de São Paulo e cinco novas dioceses: Taubaté, Botucatu, Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos do Pinhal.
Em janeiro de 1908, o taubateano D. Duarte Leopoldo e Silva, Bispo da Diocese de São Paulo fez uma viagem a Roma, e a expectativa era que essa viagem prendia-se à criação de uma nova Província Eclesiástica, desdobrando em seis a vastíssima Diocese de São Paulo. A confirmação desse ato se deu em março de 1908: elevação da Diocese de São Paulo a arquidiocese e a criação das dioceses de Taubaté, Campinas, Ribeirão Preto, Botucatu e São Carlos do Pinhal. Na mesma ocasião foi anunciado que o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, embora estivesse dentro do espaço geográfico da nova Diocese de Taubaté, pertenceria à arquidiocese de São Paulo.
Para a constituição do patrimônio das novas dioceses foram organizadas comissões de arrecadação e contou-se também com contribuições espontâneas. Na Diocese de Taubaté, as preciosas contribuições dos Monsenhores Miguel Martins da Silva e Antônio Nascimento Castro constituiu a quase totalidade do patrimônio da recém criada diocese. Mons. Miguel Martins da Silva despojou-se inteiramente de sua fortuna em prol da Diocese de Taubaté, doando todo patrimônio que possuía em São Paulo e Mons. Antônio Nascimento Castro, antevendo a necessidade de uma sede episcopal, adquiriu junto à Igreja Nossa Senhora do Rosário, o palacete que pertencera à família do Barão do Pouso Frio, doando-o inteiramente à diocese.
Enquanto se esperava o nome do Bispo de Taubaté, Dom Duarte como Administrador Apostólico nomeou em 4 de novembro de 1908, o Monsenhor Antônio Nascimento Castro, até aquele momento Vigário Episcopal de Taubaté, para exercer a função de Governador do Bispado com a incumbência de organizar a Cúria Episcopal. Para tanto lhe foi concedida todas as faculdades de direito para administrar, reger e governar em seu nome, a nova Diocese.
A organização e instituição da nova Diocese de Taubaté finalmente foi concluída e a 29 de abril de 1909, o Papa Pio X nomeou o Cônego Epaminondas Nunes de Ávila e Silva como Bispo Diocesano de Taubaté.
Os limites traçados para a Diocese de São Francisco das Chagas de Taubaté atingiam até o litoral paulista, compreendia todas as cidades do Vale do Paraíba Paulista, o lado paulista da Serra da Mantiqueira e da Serra do Mar e do Litoral Norte. A ela estavam ligadas as seguintes paróquias: Areias, Bairro Alto (Bairro de Natividade), Bananal, Buquira (Monteiro Lobato), Caçapava, Cachoeira, Campos Novos de Cunha, Embahú (Cruzeiro), Cunha, Guaratinguetá (igreja Santo Antônio), Guaratinguetá (igreja Coração de Maria), Igaratá, Jacareí, Jambeiro, Lagoinha, Lorena, Natividade, Paraibuna, Pindamonhangaba, Pinheiros (hoje bairro de Queluz), Piquete, Queluz, Redenção, Salesópolis, Santa Branca, Santa Isabel, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, São Francisco Xavier, São José do Barreiro, São José dos Campos, São Luiz do Paraitinga, Silveiras, Taubaté, Tremembé. Posteriormente, a Diocese de Taubaté passou a ter novas paróquias: Caraguatatuba, Ubatuba, Vila Bela (Ilha Bela), Quiririm, Campos do Jordão, Roseira e Jatahy (Santa Cabeça, hoje Bairro de Cachoeira Paulista).




Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva (1908 – 1935), 1º Bispo da Diocese
Dom Epaminondas Nunes de Ávila e Silva nasceu na cidade de Serro Frio-MG, em 4 de julho de 1869, filho do Major Francisco D’Ávila e Silva e D. Maria Cândida Nunes D’Ávila.
Com a prematura morte do marido, D. Maria Cândida ficou com sete filhos menores e várias dívidas. Lutando pelo sustento dos filhos, colocou-os em oficinas e escolas. Mas Epaminondas e seu irmão Alcebíades sentiam-se inclinados à vocação sacerdotal, como seus irmãos Manoel e Aristides.
Em fins de 1882 D. Maria Cândida conseguiu através do Bispo D. Antônio dos Santos, o ingresso dos dois filhos no Seminário de Diamantina. Para sustentá-los e a toda família fabricou velas, e fez serviços domésticos em casas de família.
E finalmente em 17 de julho de 1892, na capela do Seminário de Diamantina, a Basílica Menor do Sagrado Coração de Jesus, o diácono Epaminondas recebeu a ordem do presbiterado.
Como sacerdote foi primeiramente coadjutor do vigário e depois vigário da Paróquia do Serro Frio, MG. (1892-1908. Em 1908 foi nomeado Cônego honorário da Catedral de Diamantina e na seqüência, consultor episcopal, Examinador Sinodal e Vigário Forâneo da Câmara Eclesiástica do Bom Conselho.
Em 29 de abril de 1909, o Papa Pio X nomeou-o primeiro Bispo de Taubaté. Sua posse ocorreu dia 21 de novembro de 1909, na Catedral de Taubaté.
Dom Epaminondas, ao tomar assumir a nova e extensa Diocese, tinha a grande missão de estruturá-la.
Desde o início percebeu-se no novo Bispo um grande senso de responsabilidade e organização. Realizou uma série de obras que contribuíram para a consolidação da neo Diocese: criou Assistência Vicentina, a Associação das Damas da Caridade, a Congregação Mariana, a Congregação Diocesana das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada e instituiu as Conferências Vicentinas. Porém dentre suas obras, ressaltam-se a construção da Igreja da Beata Teresinha, cuja devoção já era muito propagada na região; o Seminário Diocesano e o Jornal O Lábaro, legados que permanecem até nossos dias. Para tentar sanar os problemas do seminário, Dom Epaminondas também fundou a Associação de São José Pró-Vocações Sacerdotais, cujo objetivo era arregimentar o auxílio das irmandades e demais associações da paróquia à obra das vocações. Apesar das dificuldades econômicas, Dom Epaminondas ordenou quase 80 sacerdotes e o clero de Taubaté granjeou um prestigio que ultrapassava as fronteiras da Diocese.
Dom Epaminondas desde sua infância teve problemas de saúde e o seu governo na Diocese de Taubaté foi marcado por uma grande debilidade física.Em 10 de maio de 1935, com o agravamento de sua doença, D. Epaminondas foi encaminhado para o Rio de Janeiro para tratamento de saúde onde faleceu em 29 de junho de 1935. Foi sepultado na Catedral de São Francisco das Chagas, onde permaneceu até 1940, quando foi trasladado para o Cemitério da Ordem Terceira de São Francisco de Taubaté, e depositados no mausoléu dos padres na capela de Nossa Senhora da Piedade.
Dom André Arcoverde Albuquerque Cavalcanti (1936-1941), 2º Bispo da Diocese
A pós o sepultamento de Dom Epaminondas, consultores reunidos em sessão extraordinária, elegeram como Vigário Capitular da Diocese de Taubaté o Mons. Antônio Nascimento Castro, ex-vigário Geral do Bispado e Vigário colado de Taubaté, para administrar a Diocese, até a designação de um novo Bispo. Aos 8 de agosto de 1936, a Santa Sé se dignou transferir para a Diocese de Taubaté, o Bispo de Valença, Rio de Janeiro, Dom André Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti.
Dom André Arcoverde nasceu na Fazenda do Fundão em Rio Branco, freguesia de Pesqueira, Estado de Pernambuco, a 15 de dezembro de 1878. Fez os seus estudos no Seminário de São Paulo, de cuja Diocese era Bispo o seu tio, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1894-1897). Em 1896, foi enviado para o Colégio Pio Latino Americano, recebendo ali a Ordem do Presbiterado em 28 de outubro de 1904.
Percorreu depois vários países da Europa, onde fez grande aprendizado sobre obras sociais católicas, das quais foi no Rio de Janeiro, o maior propagador. Regressando ao Brasil, em 1906, veio para São Paulo, sendo Coadjutor da Paróquia de Santa Cecília durante um ano. De volta ao Rio de Janeiro, foi nomeado Coadjutor e depois Vigário da paróquia de São João Batista da Lagoa. Foi também: síndico do Patrimônio do Seminário de São José e das Fábricas das Paróquias do Rio de Janeiro; presidente da Comissão das Obras da Catedral Metropolitana; tesoureiro da Comissão do Monumento do Cristo Redentor; diretor das Comissões de Vocações Sacerdotais da Santificação das Famílias, Fé e Moral, do Pontifício Colégio Pio Brasileiro; presidente da Comissão de Música Sacra; Cônego Catedralício da Catedral Metropolitana e Prelado Doméstico de Sua Santidade o Papa Pio XI em 1921.
Em 1° de maio de 1925, foi eleito primeiro Bispo da Diocese de Marquês de Valença frente da qual esteve mais de dez anos tendo prestado notáveis os serviços. Em 1936, recebeu da Santa Sé a notícia de sua transferência para a Diocese de Taubaté.
Dom André Arcoverde assumiu a nova diocese em 24 de outubro do mesmo ano.
Assumindo a Diocese, Dom André continuou com as obras de Dom Epaminondas, principalmente quanto à manutenção do Seminário Diocesano e do jornal O Lábaro, estimulou obras religiosas e sociais. Bastante ativo Dom André Arcoverde imprimiu um ritmo bastante ágil e participativo na vida diocesana, atuando em todas as solenidades das paróquias, celebrando, pregando e confessando.
Foi decisiva sua atuação na criação da Diocese de Lorena em 31 de julho de 1937 pelo então Papa Pio XII, que promulgou a Bula “Ad Chistianae plebis regimen” e nomeou Bispo desta diocese, o Cônego Francisco Borja do Amaral.
D. André, também deu início à reconstrução da Catedral de Taubaté (1940), fundou e presidiu Centros do Apostolado do Sagrado Coração de Jesus em capelas rurais e incentivou a formação de catequistas através de centros de catecismo.
Por volta de 1941, Dom André, começou a ter problemas de saúde, que interferiram em seu trabalho pastoral. Em 13 maio de 1941, Dom André requereu sua renúncia, junto à Santa Sé, retirando-se, para a cidade do Rio de Janeiro, onde aguardou a solução de seu pedido. Em novembro do mesmo ano o Papa Pio XII aceitou sua renuncia. Em Taubaté, a 18 de novembro o Conselho Diocesano iniciou os trabalhos para a eleição de um Vigário Capitular, o qual governaria a Diocese de Taubaté até a nomeação de um novo bispo.
Quanto a Dom André, após sua recuperação, voltou a prestar serviços à Igreja e foi durante sete anos Diretor da Congregação de Santa Isabel e Capelão do Convento d’Ajuda, no Rio de Janeiro. Porém com o agravamento do seu estado de saúde, se recolheu ao Asilo Isabel, onde faleceu no dia 19 de junho de 1955. Foi sepultado na Catedral de Marquês de Valença.
Monsenhor João José de Azevedo, Vigário Capitular da Diocese de Taubaté  (1941-1944)
Com a renúncia de Dom André Arcoverde, o Cabido Diocesano reunido em 19 de novembro de 1941 elegeu o Mons. João José de Azevedo, vigário de Pindamonhangaba, para Vigário Capitular. Coube a ele governar a Diocese de Taubaté até a nomeação do novo bispo.
Monsenhor João José de Azevedo muito se esforçou para estar à altura da missão que lhe foi confiada.
Deu atenção especial ao Seminário Diocesano, incentivando a obra das vocações. Organizou e dinamizou o Congresso Eucarístico Diocesano de 1942. Promoveu ainda a fundação de casas religiosas de caridade e instrução. Em 12 de outubro de 1944 quando foi divulgada a nomeação de Dom Francisco Borja do Amaral, então Bispo de Lorena, como terceiro Bispo de Taubaté, Mons. Azevedo encerrou três anos de uma gestão zelosa e apostólica a frente de uma Diocese organizada espiritual e financeiramente.
Dom Francisco Borja do Amaral (1944-1976), 3º Bispo da Diocese
Dom Francisco nasceu em Campinas, São Paulo, em 10 de outubro de 1898, filho de Manuel Pereira do Amaral e Escolástica Rodovalho Toledo do Amaral.
Iniciou sua vida religiosa em 1910 no Seminário Menor de Pirapora, SP, onde fez seu curso de Humanidades. Em 1916 foi para São Paulo, ingressando no Seminário Provincial de São Paulo onde fez filosofia e teologia. Foi ordenado Presbítero em 15 de agosto de 1922 e celebrou a sua Primeira Missa na matriz velha de Campinas.
Como presbítero, ocupou a coadjutoria de Itapira e Mogi Mirim, foi diretor espiritual do Seminário Diocesano de Campinas (1924-1926), Vigário da Paróquia de Bom Jesus, em Piracicaba, SP.(1926-1932), Vigário da Matriz do Carmo, em Campinas (1932-40) e Cônego Catedrático do Cabido de (1933).
Em 21 de dezembro de 1940 o Papa Pio XII o nomeou 1º Bispo de Lorena, SP.
Durante os três anos em que esteve à frente dessa Diocese exerceu um fecundo e edificante apostolado, investindo no apostolado leigo, principalmente através da Ação Católica. Em 3 de outubro de 1944 foi transferido para a Diocese de Taubaté, onde tomou posse em 8 de dezembro de 1944 como seu terceiro Bispo Diocesano.
Dom Francisco conhecia bem a realidade da Diocese de Taubaté, pois como Bispo de Lorena teve atuante participação na Diocese de Taubaté durante o tempo de sede vacante, aqui havia ordenou sacerdotes, sagrou igrejas, presidiu retiros do Clero e outros trabalhos pastorais.
Como Bispo, Dom Francisco concluiu obras da Catedral; organizou Congresso Mariano na Diocese (1947), o Jubileu de Ouro pelos 50 anos da criação da Diocese de Taubaté (1908-1958) ocasião onde foi celebrado o grande Congresso Eucarístico-Mariano (1958), as semanas de estudos da Ação Católica, o Curso de teologia para Leigos São Pio X (1962); criou o Cabido Diocesano (1944), o Conselho Presbiteral, (1968), os decanatos da Diocese de Taubaté, a Casa do Menor, quinze paróquias, o curso para o diaconato permanente (1966), a Pastoral dos Meios de Comunicação Social, o curso de ministros extraordinários da Eucaristia; criou e presidiu a Cáritas Diocesana (1958), o Instituto de Previdência do Clero de Taubaté (1964); convocou o Primeiro Sínodo Diocesano (1954); reformou e renovou o prédio e a capela do Seminário Diocesano; foi elemento decisivo na criação de duas Escolas Normais; instalou um Centro Diocesano de Catequese; deu inicio aos encontros de Juventude em julho de (1969); deu atenção especial para com a obra das vocações e o Seminário Diocesano e foi um dos idealizadores do Monumento do Cristo Redentor de Taubaté (1956)
Durante o seu episcopado, foram nomeados: para Bispo-Auxiliar de Taubaté o Frei Carmelita Dom Gabriel Paulino do Couto 1956 a 1965, quando foi nomeado Bispo de Jundiaí e em 1974, Dom José Antônio do Couto, SCJ, Bispo Coadjutor com direito à sucessão.
Em 5 de maio de 1976, o Papa Paulo VI aceitou o pedido de renúncia do governo da Diocese de Taubaté, apresentado por D. Francisco que havia atingido a idade canônica exigida para a aposentadoria. Em seu lugar assumiu D. José Antônio do Couto.
O terceiro Bispo Diocesano de Taubaté, após o seu afastamento foi morar em sua residência que construíra no Alto do Cristo Redentor. Ali viveu seus últimos anos, sempre exercendo o ministério sacerdotal.
Faleceu na madrugada dia 1° de maio de 1989, com 91 anos de idade. Atendendo a seu expresso desejo através de testamento espiritual que deixou, os seus restos mortais foram levados para Campinas e enterrado ao lado de sua mãe.
Dom Frei Gabriel Paulino Bueno do Couto (1956-1965), Bispo Auxiliar
Dom Frei Gabriel Paulino Bueno do Couto, Bispo Auxiliar de Dom Francisco Borja do Amaral, nasceu em Itu, SP, a 22 de junho de 1910.
Entrou para a Ordem Carmelita, onde tomou hábito em 18 de dezembro de 1927. Fez sua profissão religiosa em 30 de dezembro de 1928, realizando estudos no Oratório do Carmo, em São Paulo, e Filosofia no Convento da Lapa no Rio de Janeiro.
Em 1930 foi mandado para Roma, a fim de completar seus estudos no Colégio Internacional Santo Alberto em Roma. Foi ordenado sacerdote em 9 de julho de 1933. Doutorou-se em teologia e Prior do Convento de Santo Alberto. Nesse período, em plena Segunda Guerra Mundial (1939-1945), esmerou-se no trabalho não deixando faltar alimento a seus confrades do convento em que morava.
Em Roma, onde viveu por 17 anos ocupou vários cargos importantes, entre os quais Prefeito dos Estudos, Prior do Colégio Internacional da Ordem dos Carmelitas e Assistente Geral da mesma ordem. Quando no exercício deste último cargo foi eleito Bispo Auxiliar de Jaboticabal pelo Papa Pio XII em 26 de outubro de 1946, recebendo a sagração episcopal, na própria cidade de Roma aos 15 de dezembro de 1946.
Tomando posse de seu cargo, em Jaboticabal-SP, foi para essa Diocese um destacado evangelizador.
Acometido de tuberculose veio para São José dos Campos -SP buscar a recuperação da saúde. Residindo no Sanatório Vicentina Aranha não abandonou sua missão pastoral cuidando durante muitos anos do alívio espiritual dos doentes. Tendo se recuperado, a Santa Sé em 5 de novembro de 1954 nomeou-o Bispo Auxiliar de Curitiba, cargo que não chegou a exercer por ter sofrido uma recaída da doença.
Em 30 de abril de 1956, atendendo um pedido Dom Francisco Borja do Amaral, o Papa Pio XII nomeou Dom Gabriel como Bispo Auxiliar de Taubaté.
Tomou posse do novo cargo no dia 26 de junho, na capela Sanatório Vicentina Aranha em São José dos Campos. Após estas cerimônias, Dom Francisco nomeou o novo Bispo Auxiliar como Vigário Geral da Diocese.
No exercício da nova missão na Diocese de Taubaté, Dom Gabriel dedicou-se ao desenvolvimento do Seminário Diocesano, do jornal O Lábaro e prestou relevantes serviços à pastoral, muito colaborando com Dom Francisco Borja do Amaral.
Em 27 de março de 1965, Dom Gabriel foi nomeado Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, tendo exercido na ocasião, o cargo de Diretor Espiritual da Universidade Católica de São Paulo.
Porém dois anos depois, em 5 de janeiro de 1967 o Papa Paulo VI o nomeou primeiro Bispo Diocesano de Jundiaí.
Em seu novo episcopado criou novas paróquias, recrutou novos sacerdotes, organizou o patrimônio da diocese, organizou as regiões pastorais com seus conselhos e os cursilhos de cristandade de adultos e jovens.
Faleceu em Jundiaí, a 11 de março de 1982 e foi sepultado na Igreja Catedral de Nossa Senhora do Desterro, de Jundiaí. Morreu com fama de santidade e por isso foi aberto processo de canonização que se encontra em andamento na Congregação para as Causas dos Santos em Roma.
Dom José Antônio do Couto (1974-1981), 4º Bispo da Diocese
Em 5 de junho de 1974, Dom José Antônio do Couto foi nomeado pelo Papa Paulo VI Bispo Coadjutor da Diocese de Taubaté, com a função de ajudar o Bispo Diocesano em todo o governo da diocese e com direito à sucessão.
Dom José Antônio do Couto nasceu em Formiga, MG, no dia 1° de novembro de 1927, filho de Joaquim Antônio do Couto e de Rita da Conceição.
A 28 de janeiro de 1944, ingressou no Seminário Menor de Lavras, MG, pertencente à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, onde ficou até 1946. Completou seus estudos no Seminário Sagrado Coração de Jesus de Corupá e de Brusque, ambos em Santa Catarina. Em 1953 foi enviado a Roma para cursar teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana. A 1º de julho de 1956 foi ordenado sacerdote, celebrando sua primeira missa em 2 de julho de 1956, na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma. Licenciou-se em teologia (1957) e teologia moral (1959) pela Academia Afonsiana de Roma, concluindo o doutorado em teologia moral, pela Universidade Urbaniana de Roma (1960).
Voltando para o Brasil no mesmo ano, fixou residência em Taubaté. Como sacerdote exerceu os seguintes cargos: professor de teologia moral e de Direito Canônico, no Instituto Teológico dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos); reitor do Convento (1965-1968); Conselheiro na Província (1966-1974); membro da Comissão de Revisão das constituições da mesma Congregação; delegado da Província Brasileira Meridional, no XVI Capítulo Geral (1973); Vigário Paroquial da recém-criada Paróquia Sagrado Coração de Jesus, diretor do curso de teologia para leigos e do curso de diaconato permanente.
Em 5 de junho de 1974, foi nomeado pelo Papa Paulo VI, Bispo Titular de Carini e Coadjutor de Dom Francisco Borja do Amaral.
Dom Couto foi Sagrado Bispo em 18 de agosto de 1974 na Catedral de Taubaté. Em 4 de maio de 1976, aos 78 anos de idade, Dom Francisco Borja apresentou à Santa Sé seu pedido de renúncia, que foi aceito logo em seguida. Em 5 de maio de 1976, Dom José Antônio do Couto, como Bispo Coadjutor, assumiu a Diocese de Taubaté como o quinto Bispo Diocesano.
Como Bispo teve grande preocupação com a realidade pastoral da Diocese e nesse sentido, deu prosseguimento à estruturação e organização pastoral da Igreja de Taubaté apresentando as Diretrizes e Normas Diocesanas de Pastoral e as Diretrizes e Normas para Pastoral Catequética (1978). Durante seu pastoreio realizou as Assembléias Diocesanas da Pastoral da Juventude e elaborou o I e II Plano Anual de Pastoral da Juventude (1977-1978 e 1978-1979) e as Semanas das Famílias (1976 A 1978).
Mesmo após ter sofrido um derrame cerebral, Dom Couto batalhou ativamente para a ereção da Diocese de São José dos Campos através da nomeação da Comissão Preparatória da nova Diocese (1979) cujos trabalhos redundaram na criação da nova Diocese em 30 de janeiro de 1981, pelo Papa João Paulo II através da Carta Apostólica “Qui in Beati Petri”.
Em 28 de dezembro de 1979, foi acometido de um AVC hemorrágico do qual teve graves seqüelas, que o levaram a encaminhar à Santa Sé seu pedido de renúncia à função de Bispo Diocesano. Em 7 de agosto de 1981, Dom Carmine Rocco, Núncio Apostólico, comunicou oficialmente a Dom Couto que seu pedido de renúncia havia sido aceito pelo Papa João Paulo II. Para sucedê-lo foi nomeado Dom Antônio Afonso de Miranda, até aquele momento Bispo de Campanha.
A partir de 3 de novembro de 1981, Dom Couto passou a residir no Conventinho dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, na Vila São Geraldo. Depois de 18 anos de enfermidade faleceu no dia 30 de julho de 1997 e foi sepultado no cemitério do Convento do Sagrado Coração de Jesus. Seu episcopado foi marcado por grande solicitude pastoral, pela santidade no desempenho das funções episcopais, pela humildade e simplicidade.
Dom Antônio Afonso de Miranda (1981-1996), 5º Bispo da Diocese
Dom Antônio Afonso de Miranda, 6º Bispo da Diocese de Taubaté, nasceu em Cipotânea, Estado de Minas Gerais, aos 14 de abril de 1920. Filho de José Affonso dos Reis e Maria das Dores Miranda.
Aos 12 anos ingressou no Seminário Apostólico dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, em Manhumirim, MG. De dezembro de 1937 a dezembro de 1938 fez o noviciado na sede da Congregação em Manhumirim, onde em 1940 ingressou no curso de filosofia. Em 1942 foi para Seminário do Coração Eucarístico de Jesus, em Belo Horizonte, MG, onde concluiu a teologia em 1945. No mesmo ano, a 1° de novembro, em Belo Horizonte recebeu a Ordenação Presbiteral das mãos de Dom Antônio dos Santos Cabral, Arcebispo de Belo Horizonte. Em seguida ocupou vários cargos: diretor da Escola Apostólica de Manhumirim, do Seminário Menor da sua Congregação, redator e diretor do jornal O Lutador; reiniciador e diretor Seminário São Rafael da cidade de Dores do Indaiá, MG, (1949-1952 e 1961-1971); Vigário e Pároco da Paróquia de Dores do Indaiá (1965 -1971); Superior Geral da Congregação dos Missionários de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento (1952-1961) e diretor do Colégio Estadual Francisco Campos (1966-1971).
Por esse tempo cursou Direito na Universidade do Espírito Santo em Vitória (1965-1969) e ingressou no curso de filosofia na Faculdade Salesiana de São João Del Rei, MG, onde se licenciou em 1971.
Em 8 de novembro de 1971, o Padre Antônio Afonso de Miranda foi nomeado pelo Papa Paulo VI, Bispo Diocesano de Lorena, onde exerceu um fecundo episcopado. Foi também membro da Comissão representativa do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); membro do Conselho Administrativo da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1972-1977) e Delegado brasileiro na Conferência Latino-americana de Puebla, México, (1979).
No ano de 1976, D. Antônio resolveu colocar em prática o documento Evangelii Nuntiandi: Evangelização do Mundo Contemporâneo, publicado em 21 de dezembro de 1975 pelo Papa Paulo VI. Para tanto determinou que o Padre Jonas Abib levasse a cabo essa missão. Em resposta Pe. Jonas organizou um curso aprofundado de catequese direcionado aos jovens, que acabaria por inspirar o surgimento do Sistema Canção Nova de Comunicação.
Em 1977, D. Antônio foi nomeado Coadjutor com direito à sucessão e Administrador Apostólico da Diocese Mineira de Campanha. Ali permaneceu por quatro anos e meio, tendo o Papa João Paulo II, em setembro de 1981 efetuado sua transferência para a Diocese de Taubaté, onde tomou posse em 20 de outubro de 1981.
Na nova diocese Dom Antônio Afonso, num primeiro momento, deu continuidade ao Plano de Pastoral elaborado por seu antecessor D. Couto e seus colaboradores. Por sua determinação em 1984, foi elaborado I Plano de Pastoral da Diocese de Taubaté para 1985 e 1986; inaugurado o Secretariado e a Coordenação Diocesana de Pastoral e a Primeira Assembléia Diocesana da Diocese de Taubaté. Foram criadas equipes de coordenação Diocesana, de coordenações regionais e de coordenações paroquiais, a Escola de Catequese “Mater Ecclesiae” para a formação de catequistas. Também com ajuda do clero, Dom Antônio pregou Missões Populares em diversas paróquias e comunidades da Diocese de Taubaté, fez visitas pastorais nas paróquias, incentivou a Pastoral Vocacional tornando-a prioridade. Criou o curso de Teologia para Leigos de nível universitário, no Instituto Teológico Sagrado Coração de Jesus (1980-1985), a Escola da Fé, para atuar nas Escolas Diocesanas de Formação de Pastoral Catequética e a Escola Diaconal Santo Antônio (1992) que visava à formação de Diáconos Permanentes nos moldes das exigências do Código de Direito Canônico e das Diretrizes para o Diaconato Permanente determinadas pela CNBB.
Em 1996, como prescreve Código de Direito Canônico tendo completado setenta e cinco anos de idade Dom Antônio Afonso apresentou sua renúncia a qual foi aceita pelo Papa João Paulo II, em 22 de maio de 1996. Nessa mesma data foi nomeado como seu sucessor o Pe. Carmo João Rhoden.
Dom Antônio continuou no governo da Diocese de Taubaté como Administrador Apostólico, até a posse de Dom Carmo João Rhoden, em 17 de agosto de 1996.
Ao se tornar Bispo emérito Dom Antônio Afonso de Miranda resolveu permanecer em Taubaté, em virtude das muitas amizades que aqui fez e do relacionamento fraterno que sempre teve com o clero, com as Congregações religiosas, e também atendendo à solicitação do Exmo. Sr. Dom Carmo, que, fraternalmente, pediu que ele continuasse em sua companhia. Desse modo, o Bispo Emérito continua até a presente data prestando serviços próprios de seu ministério sacerdotal e episcopal na Diocese de Taubaté.
Muito ativo Dom Antônio é também jornalista, autor de muitos livros e artigos, incluindo alguns de caráter polêmico anterior ao Concílio Vaticano II, membro da Academia Taubateana de Letras, da Academia Marial de Aparecida, Sócio correspondente da Academia de Artes e Letras “Mater Salvatoris” da Bahia, apreciado conferencista e grande orador sacro.


Fonte: diocesedetaubate.org.br


4. História da Catedral 



As primeiras referências que se tem da igreja que passou a ser a matriz da vila de Taubaté dizem respeito à capela de São Francisco das Chagas, construída em “taipa de pilão, coberta com telha de barro e com seus lanços de corredor olhando para o nascente”. Situava-se a “umas cem braças do Tanque” (40), em um ponto nas mal abertas ruas do povoado, e todos os autores são unânimes em afirmar que era no mesmo local ocupado pela antiga capela dos Passos, hoje capela do Santíssimo, na catedral de São Francisco das Chagas (Guisard Filho, 1938, II: 15).
No início do século XVII, o povoado de Taubaté, ainda muito pobre e incipiente, não contava com uma grande construção que servisse de referencial à religiosidade local. Desse modo, a pequena capela de São Francisco, assumiu esse papel, sendo elevada à igreja matriz, quando nas primeiras décadas deste século o povoado de São Francisco das Chagas de Taubaté tornou-se freguesia e paróquia da Diocese de São Paulo, a que pertencia.
Em 1670, segundo consta do Livro do Tombo da igreja matriz de Taubaté, a freguesia foi elevada à paróquia de São Francisco das Chagas de Taubaté, não tendo sido desmembrada de nenhuma outra. “[...] antes de sua criação somente existia uma única capela com invocação de S. Francisco das Chagas cujo orago continuou a ser. A matriz tem ao seu lado esquerdo uma capela, que, ao que parece foi fundada pela Irmandade do Senhor dos Passos, tem ela suas sete venerandas imagens [...]” (AMDDLS).
A capela possuía, à direita de quem entrava no templo, um grande cruzeiro, fincado pelos fundadores (Ortiz, 1988, II: 636), e um adro, como está registrado no testamento de João Vieira da Mata, de 1681, o qual possuía “pegado ao adro da Matriz 15 braças, das quais se tomaram algumas braças para o adro, e serão somente as que se acharem fora do dito adro”. Nas avaliações desse inventário, vê-se a seguinte quota: “Nove braças defronte do adro da Matriz em sua avaliação 2$080 rs” (Moura, 1914:555).
A predileção pela capela de São Francisco não se devia somente ao fato de ser o único templo local, mas principalmente por ter em seu adro o cemitério, onde o povo em geral era sepultado. O capitão Domingos Dias Félix, filho do fundador, em seu inventário de 1660, expôs textualmente o desejo de que seu corpo fosse enterrado na igreja matriz de São Francisco das Chagas de Taubaté, no corpo da igreja, diante do altar de são Miguel, amortalhado com o hábito do glorioso são Francisco e acompanhado de todas as cruzes que houvesse na Igreja: “a de são Francisco, a das Almas e de Nossa Senhora do Rosário e sejam dadas a são Francisco de esmolas cem varas (41) de pano de algodão mais a são Francisco de mondagem (42) quatrocentos e oitenta varas” (AHFGF).
O exato local de sepultamento não fica muito claro, pois alguns autores afirmam que os primeiros povoadores eram enterrados em separado, no interior da igreja (Martins, 1973:44); mas, levando-se em consideração a tradição colonial de se anexar os campos santos às igrejas e de se promover os sepultamentos até mesmo em seus interiores, é possível considerar verídica tal afirmação. O questionamento que fica é quanto ao tamanho e porte desses templos, na fase inicial da colonização, e, em particular, a capela da vila de Taubaté. Em testamentos e inventários, alguns moradores determinam até o local e como querem ser enterrados, como o capitão Domingos Gomes, em seu inventário de 1671 (Ortiz, 1988,II:78), no qual determina que “será enterrado na igreja matriz desta vila de São Francisco das Chagas de Tabaibathe no corpo da igreja de fronte ao altar de são Miguel”. Outro exemplo é o testamento de Inês Gonçalves de 1695, que também solicita ser sepultada “na Igreja Matriz desta vila defronte do altar de são Miguel para a parte da epistola do Cruzeiro para a banda do dito Altar, e amortalhada no hábito de N. Senhora do Monte do Carmo” (AHFGF). O que fica de constatação é que o desejo único de dezenas de outros moradores do termo de Taubaté é o de serem sepultados naquele campo santo.
Da mesma forma, os pedidos de missas por intenção da própria alma, a são Francisco, a Nossa Senhora da Conceição, aos santos dos nomes e ao anjo da guarda e outras predileções eram lembradas com apelos de uma a um trintário missas. Assim, considerando-se tais documentos, é possível conhecer um pouco mais do cotidiano religioso dos primeiros habitantes do núcleo: suas devoções, os livros de leitura, os primeiros padres.
Em 1688, foi criada na vila de São Francisco das Chagas de Tau-baté a primeira paróquia do vale do Paraíba, sendo então a pe-quena capela de São Francisco elevada a igreja matriz. A partir dessa data, todos os casamentos, nascimentos e óbitos locais passaram a ter registro nessa paróquia.
Com a pequena capela transformada em igreja matriz, tiveram início, em 1712, as obras de reforma e ampliação, que se arrasta-ram por vários anos, sendo inúmeros os registros e pedidos de auxílio para continuidade dos trabalhos. Em carta de 3 de novembro de 1763, a câmara municipal solicita ao governo da metrópole: “[...] mandar pela provedoria da fazenda Real dar uma esmola para se ornar a capela-mor da nova Igreja que estão levantando à custa da mesma fraqueza desses moradores, que por vontade própria estabeleceram entre si uma finta para a construção do templo de Deus, que ficará incompleto por não chegar esse subsídio sendo que os dízimos andam com arrecadamento de 3.000 cruzados por triênio” (Ortiz, 1988,II: 636). Por essa época, portanto, as obras estavam adiantadas, mas longe da conclusão, pois faltavam os ornamentos da capela-mor: pinturas, molduras e entalhes.
Em 1781, a igreja matriz ainda se encontrava em obras, pois em 6 de junho desse ano, o capitão-mor Manuel Lopes de Leão apre-sentou à Câmara uma provisão passada pelo bispo de São Paulo, Dom Frei Manuel da Ressurreição (1771-1789), que o constituía “procurador, administrador, recebedor e pagador para as obras da igreja matriz”. No mesmo dia, os oficiais da câmara, o capitão-mor e o vigário assentaram sobre a quantia a ser paga pelo povo para as obras da matriz: cada cabeça de casal, trinta réis; uma comunhão, quarenta réis e confissão, vinte réis. (Guisard Filho, 1943, I: 49.). Na busca de recursos para dar andamento às obras, chegaram a escrever, em 1792, duas cartas à Rainha de Portugal, “rogando esmola” para a fatura da capela mor (Guisard Filho, 1943, I: 314), mas o que prevalecia na arrecadação para os gastos, fora doações espontâneas, eram os valores estabelecidos como pagamento dos serviços da igreja – em 1795 foi estabelecido que pelo prazo de três anos, durante a desobriga da Quaresma (43), a população fizesse o se-guinte pagamento: por cabeça de casal, oitenta mil réis; pelos fâmulos (44) de comunhão, quarenta réis e confissão, vinte réis.
Por volta de 1800, a construção da igreja matriz estava concluída, após um século de obras. A nova igreja foi construída com as mesmas medidas e área que apresenta ainda hoje, ocupando um novo espaço na malha urbana e ganhando o status que a nova condição solicitava. O corpo da igreja foi construído perpendicularmente à antiga capela, a qual lhe foi anexada, tornando-se a capela dos Passos. Essa capela abrigou durante muitos anos o conjunto de imagens de madeira talhada e policromada de finais do século XVII ou início do XVIII, entalhado no mais puro estilo barroco em uso em Portugal, por algum mestre santeiro que por aqui veio ter. Faziam parte da capela dos Passos original um conjunto de nove imagens, formado pelo Cristo no Horto das Oliveiras, Cristo Preso, Senhor da Coluna ou da Flagelação, Cristo Flagelado, Senhor da Pedra Fria ou Paciência, Senhor dos Passos, Cristo Crucificado, Cristo Morto e Nossa Senhora das Dores. Representavam os Passos da Paixão de Cristo, possivelmente montados de forma teatralizada dentro da capela, e tinham dupla função: eram imagens devocionais e processionais.
Para se conquistar essa nova posição da igreja na antiga vila de Taubaté, foram necessárias algumas modificações no traçado urbano: a igreja avança sobre a Rua do Sacramento, que foi ligeiramente desviada para o lado esquerdo, deixando de ser a continuação, em linha reta (como originalmente), da Rua Duque de Caxias. À sua frente, agora em sentido norte-sul, foi aberto o Largo da Matriz, (45) no local mais provável onde anteriormente existiu o adro da capela e o primeiro cemitério da vila.      
(40) O Tanque era como foi posteriormente chamado a Aguada da vila que compreendia os brejos e o alagado formado pela corrente do rio do Convento Velho, hoje a área ocupada pelo mercado municipal.
(41) Varas - antiga medida de comprimento equivalente a cinco palmos, ou seja, 1,10m.
(42) Monda é um pequeno pão que se dava de esmola à porta dos conventos. Portanto, o texto refere-se à esmola do pão de São Francisco.
(43) Desobriga quaresmal: livra-se das obrigações e penitências da Quaresma, que no caso seria substituída pelo pagamento da ajuda às obras da Catedral.
(44)          Fâmulo significa servidor, empregado, criado, subalterno de alguma comunidade religiosa.
(45) O Largo da Matriz somente é citado, e passa a existir como um logradouro público a partir da construção da igreja matriz. Anteriormente, em nenhum documento aparece menção a esse espaço público.

A igreja paroquial ostenta duas torres. É bem grande e conta com cinco altares, fora o altar-mor, mas, como as de Guaratinguetá e Pindamonhangaba, não recebe luz pelo lado da nave, sendo, por conseguinte muito escura. Além dessa Igreja, existem em Taubaté três outras que, quando muito, merecem o nome de capela.
Em 1822, com a passagem de Debret por Taubaté e região, pudemos ter uma visão do que seria aproximadamente a vila de Taubaté, por meio de uma aquarela. Nesta, apesar de algumas incongruências com a paisagem e a área da vila, fica a certeza de ser verídica a reprodução da matriz e de seu entorno urbano, por serem muito fiéis à configuração que ainda hoje apresenta, confirmada pelas primeiras fotos da segunda metade do século XIX tomadas dos mesmos ângulos. A igreja sobressai em porte em meio ao acanhado casario da vila. Apresenta duas torres e o mesmo corpo atuais. Parece solidamente construída e totalmente acabada. Assim, é com certa curiosidade que se encontram nas Atas da Câmara, a partir do ano de 1826, solicitações de ajuda financeira para a necessidade de consertar o frontispício e as torres da igreja matriz.
Cinco anos depois, em março de 1827, estavam reunidas a Câmara e todas as autoridades da vila de Taubaté, para ouvirem os pareceres dos peritos que vistoriaram a igreja matriz: “a taipa para a torre pilada de onde se julgue mais conveniente para sua segurança, sendo imalhetada de ambos os lados defrontes Becos e para a parte do corpo da igreja, sendo todas as malhetas acompanhadas de madeiras e vigamento suficiente e quando essa retificação seja necessária outra qualquer providência será dada, procurando-se mestres suficientes. Foi nomeado o capitão Antônio Moreira de Matos como recebedor das esmolas do povo para a obra”. O estado em que se encontravam as torres era muito precário, tanto que, em fevereiro de 1829, decidiu-se pela demolição da segunda torre da matriz da vila, que se achava arruinada (Guisard Filho,1944, V: 126).
No ano de 1842, com as torres ainda inconclusas, a igreja necessitava de acabamento interno. Decidiu-se, na Câmara, chamar o fabriqueiro (46) da matriz para prestar contas do dinheiro em caixa. Somente após a verificação da receita foi que cederam à exigência do pároco da cidade, que pedia vários ornamentos para a igreja (Guisard Filho, 1943, II: 9). No ano seguinte, numa resposta da Câmara ao governo da Província, sobre as obras da matriz, foi informando que, internamente, as obras estavam concluídas, mas havia necessidade de reformas em seu exterior, estando o “rebocamento de suas paredes externas abandonadas ao rigor dos tempos há não poucos anos e no perigo de serem destruídas pelas águas”. Comunica, ainda, que as obras de um rebocamento singelo estavam orçadas em 1:000$000, e que também seria necessário adornar o frontispício com ao menos um campanário, cujo custo seria de Rs 600$000.
Em 1846, as obras continuavam, sendo solicitado ao inspetor da obra da matriz que se construíssem torres, em vez de campanários (Guisard Filho, 1943, II:121). Dois anos depois, as torres foram finalmente construídas, e o pároco Pe. Joaquim Pereira de Barros pediu autorização para novos gastos com o transporte dos sinos que mandara vir para a matriz, pedido que foi autorizado somente no ano seguinte, e que, com um custo de 40$ 000 réis, o fabriqueiro pagasse a condução de um sino para a matriz. Nesse mesmo ano, o pároco fazia novas solicitações, dessa vez pedia ajuda nas despesas com o guisamento (47) da matriz (Guisard Filho, 1943, II: 121).
Apesar de todo esse cuidado em se reconstruir as torres da igreja matriz, parece que os problemas existentes não foram sanados, pois, em 1862, a Câmara enviou ofício ao Sr. João Clau-diano de Andrade, solicitando-lhe que se encarregasse da direção das obras de reparo na torre que se encontrava em ruína, com o perigo de ela vir abaixo (Guisard Filho, 1944, I: 100). Ao que tudo indica, a torre foi reformada, pois, dois anos depois, em uma delas foi instalado o sino doado por João da Palma Pereira. (Silva, 2001: 2).         

(46) Fábrica: rendas geradas pela Igreja em culto e cerimônias e usadas para a manutenção de suas próprias despesas.
(47) Guisamento são as alfaias de uma Igreja, ou seja, os adornos, as baixelas e as jóias.

A partir dessa data, com a construção da igreja e torres estabili-zadas, todos os cuidados foram direcionados para o embeleza-mento do interior da igreja. Era então pároco o Pe. José Pereira da Silva Barros, que se preocupou em reformar a igreja matriz, dotando-a de novas ornamentações. Foram feitas importantes reformas, como o nivelamento das paredes internas, que ofere-ciam um aspecto desagradável, devido às inúmeras reentrâncias e saliências. Em 1874 foi construído um novo forro, arqueado em toda a extensão da nave principal e capela-mor, e instalou-se um lustre com 24 luzes (Almanach, 1905:26, 75).
Novas reformas ocorreram quando o Pe. Antônio Nascimento e Castro foi vigário colado e pároco da igreja matriz, de 1882 a 1942. A igreja ganhou novo assoalho em toda a extensão do templo, com tábuas estreitas e de diferentes espécies de madei-ra, formando artisticamente mosaicos e florões de diversas cores. Os nove altares, construídos com artísticas obras de talha, após limpeza, receberam nova douração. Todo o seu interior riquíssimo, o arco que dá entrada à capela-mor e o santuário dos Passos foram reformados e embelezados, e foi instalado o grande relógio frontal, de grande utilidade à população. Todo o exterior foi reformado, em 1904, alinhando-se a igreja matriz de Taubaté com o estilo eclético então em moda. Como cuidado final, a igreja teve a capela do Ssmo. Sacramento embelezada, o que demonstrou o zelo e cuidado para o templo e o empenho do Mons. João Alves Coelho Guimarães, realizador do santuário (Almanach, 1905:26). Em 7 de junho de 1908, a catedral de São Francisco das Chagas passou a ser a sede da recém-criada Diocese de Taubaté, tendo como primeiro bispo Dom Epa-minondas Nunes de Ávila e Silva (1869-1935).
Entre os anos de 1912 e 1940, pequenas obras e melhorias foram feitas na catedral, como a instalação, em 1916, de “nova portari-a” (48). No entanto, a partir de 1940, o bispo Dom André Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti deu início a uma ampla reforma em toda a igreja, o que acabou por transformar e descaracterizar a velha igreja cuja construção se iniciara em princípios do século XVIII.
As obras de reforma da catedral duraram 10 anos, e, com a igreja impossibilitada de acolher os fiéis, em 1945 a igreja catedral foi provisoriamente transferida para a igreja Nossa Senhora do Rosário. Coube a Dom Francisco Borja do Amaral a conclusão das obras, mobilizando os fiéis “[...] através de campanhas, como o festival de arte pró-catedral, no Cine Metrópole em 1947 e a Semana da Catedral em 1948”. Em diversas ocasiões exortou os fiéis a colaborarem na reforma da catedral, lembrando o exemplo de “são Francisco, o construtor de igrejas, reformador da igreja de são Damião” (Silva, 2000: 8).
Dom Francisco, numa circular aos diocesanos de 1946, sobre o anseio da população de ter de volta a sua catedral, considera que o ano anterior fora “[...] de atividades e se não foi atingido o nobre desideratum, atribui-se a várias causas, principalmente as dificuldades do tempo da guerra e do pós-guerra. No entanto, a igreja apresenta artístico forro de estuque terminado, as paredes revestidas, as janelas colocadas, proporcionando bastante luz e ar no ambiente piedoso. O frontispício vem sendo cuidadosamente trabalhado e não há de tardar a construção da sacristia e do piso, para que feito o essencial, se proceda à imponente cerimônia da sagração da catedral” (AHDT).
Para a reforma da catedral, foi encomendado um projeto ao arquiteto Dr. George Przirembel, de origem polonesa e formação alemã, que atuava no Brasil desde a Semana de Arte Moderna. A execução ficou a cargo da Companhia Predial de Taubaté, representada por Haroldo de Matos, Otaviano Papais, Bolanho & Gonçalves e Eduardo Fort. As obras contaram, ainda, com a colaboração dos engenheiros Dr. Urbano Pereira, Dr. Iório Ciociola, Dr. Nelson Pugliese, Dr. Grabenweger, Dr. Mario Nigro.
Foram mantidas as linhas externas e a estrutura básica da igreja, mas sua fachada principal foi modificada, adaptada ao estilo neocolonial. O interior foi totalmente reformado, conservando-se da igreja setecentista original apenas o retábulo do altar-mor como relíquia histórica da velha matriz. O principal motivo para essa reforma era a necessária ampliação do espaço interno da catedral. Assim, todos os outros ricos altares entalhados, dourados e policromados foram retirados, e mesmo seus nichos foram eliminados ou substituídos por outros mais simples, mais uma vez, seguindo os ditames estilísticos da época, que apregoava morte aos excessos decorativos do passado, numa valorização de materiais e superfícies lisas e modernas, para dar amplidão ao ambiente.
O interior da nova igreja foi decorado com pintura artística feita pelo italiano Gaetano Miami; o assoalho de tabuado foi substituí-do por piso frio; o forro de madeira em abóbada de berço foi substituído por estuque, perdendo a sua forma arqueada; os vãos e envasaduras originais e suas esquadrias de madeira foram substituídos por diversos vitrais.
(48) A reforma refere-se à instalação de portas corta-vento.
Projeto de reforma da catedral encomendado ao arquiteto Dr. George Przirembel.
Desenho desenvolvido em maio de 1940 e aprovado em 22 de julho de 1940, pelo bispo diocesano, Dom André Arcoverde.
A planta da igreja foi totalmente modificada, com uma ampliação do espaço interno: as galerias laterais foram anexadas à nave, o que propiciou, além de amplidão, mais iluminação natural no interior da igreja.
A execução ficou a cargo da Companhia Predial de Taubaté, representada por Haroldo de Matos, Otaviano Papais, Bolanho & Gonçalves e Eduardo Fort. As obras contaram, ainda, com a colaboração dos engenheiros Dr. Urbano Pereira, Dr. Iório Ciociola, Dr. Nelson Pugliese, Dr. Grabenweger, Dr. Mario Nigro.
Na fachada principal, as antigas janelas ogivais foram retiradas. Acima da porta principal, construiu-se uma tribuna e, acima desta, um grande nicho com a imagem de São Francisco das Chagas em tamanho natural.
As portas, a cátedra, o trono e o arcaz foram feitos sob a orientação do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, o mesmo que criou o projeto da basílica de Nossa Senhora Aparecida. A Via Sacra, feita em alto relevo, foi executada pelo artista Otaviano Papais.

Por ocasião de sua visita a Roma, Dom Francisco recebeu do papa Pio XII, como presente para a diocese, na sagração de sua catedral, um caixilho contendo as relíquias de são Gabriel da Virgem Dolorosa, santo natural da cidade de Assis, terra do orago da cidade. Juntamente com outras relíquias que Dom Francisco adquiriu, o altar-mor da catedral passou a se composto por:

1. São Francisco, padroeiro da nossa catedral e da Diocese de Taubaté;
2. Santa Clara, padroeira do convento franciscano de Tauba-té;
3. São Simão Stock, o grande santo carmelita propagador do escapulário de Nossa Senhora do Carmo;
4. Santa Teresa de Jesus, doutora mística da igreja, grande re-formadora do Carmelo e fundadora de trinta e dois mostei-ros;
5. São Vicente de Paulo, grande apóstolo da caridade;
6. Santa Terezinha do Menino Jesus, uma das santas mais queridas e populares da igreja, especialmente em Taubaté;
7. Santa Margarida Maria Alacoque, a grande apóstola do Sa-grado Coração de Jesus;
8. Santo Afonso de Ligório, fundador da Ordem dos Redentoristas, notável pelo zelo e profundidade de seus escritos;
9. Santo André Corsino, santo carmelita que viveu de 1302 a 1396;
10. São José, esposo de Maria, o providencial guarda de Nossa Senhora e pai nutrício de Jesus Cristo;
11. São José de Cotolengo, grande apóstolo da caridade;
12. São Luiz Gonzaga, o santo da castidade.

A empresa Alves Pinto fez para a catedral a caixa de prata onde foram colocadas as preciosas relíquias dos santos mártires, a campainha que foi usada no grande cerimonial da sagração e a colher de prata que serviu para fechar e lacrar o sepulcro, cavado na grande pedra e na mesa do altar.
Antes de depositar as relíquias no sepulcro, o bispo consagra-o primeiramente, ungindo-o com o óleo da Santa Crisma e coloca com toda a reverência as sagradas relíquias, incensando-as. Unge depois a pedra do sepulcro pelo lado de baixo e adapta-a no lugar, pronunciando a fórmula própria. Toma em seguida um pouco do cimento e fecha o sepulcro. Faz sobre a tampa com o óleo do Santo Crisma mais um sinal da cruz usando a fórmula própria. Incensa depois o altar, entoando a antífona: “Stetit Ângelus” (O Lábaro,1950).
A partir de 1950, até os dias de hoje, a catedral tem recebido algumas melhorias e obras de manutenção e conservação, que procuram valorizar cada vez mais o patrimônio histórico e arquitetônico que essa igreja representa para o povo de Taubaté. Em 1953 foram colocados os vitrais fabricados pela Casa Conrado, de São Paulo, e nesse mesmo ano foi inaugurada a atual capela do Santíssimo, que substituiu a antiga capela dos Passos. A capela teve seu interior decorado com pintura feita pelo artista Salvador Sabaté, de São Paulo, e foi sagrada em 1957.
Em 1963, Dom Francisco mandou instalar na catedral um órgão tubular com transmissão pneumática, construído em 1963 por J. Edmundo Bohn, Novo Hamburgo RS, constituindo-se num dos melhores instrumentos do gênero no Brasil. (Silva, 2001: 2).
Foi um longo e incansável trabalho de construção e reforma, desde a pequena capela seiscentista do então povoado de Taubaté. A catedral de São Francisco, que já não domina a paisagem urbana com a mesma soberania de outrora, diminuída em sua escala pelos vários edifícios construídos ao seu redor, ainda representa para a cidade o referencial maior de sua identidade.





Diocese de Taubaté



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