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Este Blog, do Projeto Prex-Unitau Taubaté Tempo e Memória, tem como objetivo ser um canal de troca de informações sobre a História e a Memória da Região Metropolitana do Vale do Paraíba (RMVale).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Taubaté Tempo e Memória - 005 - Mercado Municipal de Taubaté e Feira da Breganha - A



A Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté era abastecida por um reservatório de água na região denominada como “Banda do Tanque”, que abrangia o Largo do Mercado e o Ribeirão da Correia. Os homens das tropas que chegavam com produtos de São Luiz do Paraitinga e do porto de Ubatuba ficavam exaustos por causa do peso do carregamento e pela subida da Serra do Mar. A região do tanque era o ponto de parada das tropas, que descansavam na sombra das árvores.

Em 1841, o embrião do futuro mercado municipal foi estabelecido quando Câmara reservou a região do tanque como “logradouro público e parada de tropas”. Aos poucos, essa região foi anexada à vila, até que foi extinto em meados no século XIX, quando no ano de 1857 terminava a construção do mercado municipal, com a instalação do telheiro para melhor comodidade das pessoas. A data oficial de inauguração do mercado municipal de Taubaté ocorreu alguns anos depois, em 10 de novembro de 1889.



01. TRABALHO DE GRADUAÇÃO MERCADO MUNICIPAL – 2019

Entrevista com o Prof. Me. Armindo Boll

ALUNA: Heloísa Costa, curso - Jornalismo


1. Como nasceu a atividade comercial em nosso país? Como ela se caracterizava inicialmente

     Historicamente, o comércio surgiu a partir dos processos de trocas na antiguidade, quando determinados grupos trocavam suas produções por outras. E o surgimento do comércio é justamente isso: trocar uma coisa por outra. Atualmente, produtos e serviços são trocados por dinheiro.

     Quando se iniciaram as grandes lavouras de trigo, arroz, cana de açúcar e café, dentre outros alimentos, cada produtor ia ao mercado da cidade para “trocar” o excedente da sua produção por outras mercadorias.

     A história do varejo no Brasil começou no período colonial, quando surgiram os primeiros armazéns. A cultura de varejo perdurou na sociedade nas épocas das plantações de café, algodão, cana de açúcar e principalmente, em que os consumidores adquiriam os produtos em pequenas quantidades.

 Abaixo uma linha do tempo com alguns momentos relacionados ao comércio:

1500-1530 – Colonização portuguesa: portugueses fizeram índios de escravos para extrair as riquezas naturais do Brasil e as vendiam como matéria-prima e como diversos produtos.
1649 – Ano de fundação da Companhia Geral do Comércio do Brasil. Até então, existiam apenas empórios que vendiam itens importados.
1808 – Ano de chegada da família real ao Rio de Janeiro. Com isso, surgiram as primeiras lojas de luxo na cidade.
1884-1959 – Chegada de, aproximadamente, 5 milhões imigrantes que auxiliaram no surgimento de vendedores ambulantes, feiras livres e armazéns.
1900-1930 – Começo do processo de industrialização no Brasil.
1908 – Ano de inauguração do primeiro magazine brasileiro: as lojas Pernambucanas
1953 – Ano de surgimento dos primeiros supermercados brasileiros no modelo de autosserviço; algo parecido com o modelo americano de supermercados, que já existiam desde 1920. O primeiro supermercado brasileiro foi inaugurado em São Paulo e levava o nome “Tecelagem Paraíba”.
1966 – Ano de inauguração do primeiro Shopping Center do Brasil: o Shopping Iguatemi, em São Paulo.

     O  tropeirismo foi fundamental para o desenvolvimento do comércio, não só em Taubaté como no Brasil. Um dos marcos iniciais do tropeirismo foi quando a Coroa Portuguesa instalou em 1695 na Vila de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos Quintos. Taubaté então se desenvolveu como primeiro núcleo urbano oficial no Vale do Paraíba Paulista, beneficiado por sua localização de passagem entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com importante destaque na história do Brasil. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais deveria ser levado a esta Vila e de lá seguia para o porto de Paraty, de onde era encaminhado para o reino, via cidade do Rio de Janeiro. A palavra "tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro, porém há quem use o termo em momentos anteriores da vida colonial, como no "ciclo do açúcar" entre os séculos XVI e XVII, quando várias regiões do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização com os senhores de engenho. Além de seu importante papel na economia, o tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre si, numa época em que não existiam estradas no Brasil.
     Os tropeiros procuravam seguir o curso dos rios ou atravessar as áreas mais abertas, os "campos gerais" e mesmo conhecendo os caminhos mais seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao final de cada dia era acesso o fogo, para depois construir uma tenda com os couros que serviam para cobrir a carga dos animais, reservando alguns para colocar no chão, onde dormiam envoltos em seu manto. Chamava-se "encosto" o pouso em pasto aberto e "rancho" quando já havia um abrigo construído. Ao longo do tempo os principais pousos se transformaram em povoações e vilas. É interessante notar que dezenas de cidades do interior na região sul do Brasil e mesmo em São Paulo, atribuem sua origem a atividade dos tropeiros.


MERCADÃO DE TAUBATÉ: História e Trajetória
Heloisa Faria da Costa



Trabalho  de  Graduação  (TG)  apresentado 
para obtenção do  Certificado de Graduação
pelo Curso de  Jornalismo  do Departamento 
de Comunicação Social da Universidade de Taubaté. 
Orientadora:  Profª.  Dra.  Eliane  Freire  de Oliveira.


RESUMO
Inaugurado em 1889, o Mercado Municipal de Taubaté é um dos principais símbolos históricos e pontos comerciais da cidade. Com mais  de um século de existência, o local  abriga  diversos  personagens  importantes  para  a  construção  da  história  de Taubaté  (SP),  que  também  constroem  uma  identidade  taubateana.  Além  disso, serviu  de  ponto  de  parada  de  muitos  viajantes.  Ainda  hoje,  o  Mercadão,  como  é popularmente  conhecido,  é  visitado  diariamente  por  vários  taubateanos,  devido  à sua importância econômica para sua população e também de municípios vizinhos. A Reportagem Multimídia  elaborada como Trabalho de Graduação do  Jornalismo  tem por  objetivo  destacar  a  importância  do  Mercado  Municipal  para  a  construção  da identidade taubateana,  ao relatar a sua trajetória ao longo de mais de um século de existência  sob  os  aspectos  econômicos,  políticos,  sociais  e  culturais.  Por meio  de perfis de personagens que  marcaram  –  e ainda marcam  –  a história do local, será possível enumerar os principais motivos que levam o Mercadão a ser tão importante para memória do povo taubateano. Os recursos multimídias do produto jornalístico on-line incluem vídeos,  podcast, slideshow, mapas e linha do tempo, além de contar com várias imagens do Mercado Municipal de Taubaté, acompanhando conteúdos dedicados  aos  temas:  história  do  Mercadão,  Feira  da  Breganha,  situação  atual, personagens e futuro.

CONTEXTUALIZAÇÃO
O  município  de  Taubaté  é  uma  das  cidades  mais  importantes  para  a  história nacional.  Foi  o  local  que  serviu  de  base  aos  bandeirantes  durante  o  ciclo  do  Ouro,  se destacou principalmente pela produção de café durante o Segundo Reinado e, mais tarde, desempenhou um papel importante na política federal com o “Convênio de Taubaté”. Devido ao seu destaque no cenário nacional, Taubaté recebeu muitos viajantes.
Inaugurado em 1889, o Mercado Municipal de Taubaté é um dos principais símbolos históricos  e  pontos  comerciais  da  cidade.  Com  mais  de  um  século  de existência,  o  local abriga  diversos  personagens  importantes  para  a  construção  da istória  de  Taubaté,  que também constroem uma identidade taubateana. Além disso, serviu de ponto de parada de muitos  viajantes.  Ainda  hoje,  o  Mercadão,  como  é popularmente  conhecido,  é  visitado diariamente  por  vários  taubateanos,  devido  à sua  importância  econômica  para  sua população e também de municípios vizinhos. 
A  Reportagem  Multimídia  elaborada  como Trabalho  de  Graduação (TG)  destaca  a importância do Mercado Municipal para a construção da identidade taubateana ao relatar a sua trajetória ao longo de mais de um século de existência, sob  os  aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Por meio de perfis de personagens que marcaram  –  e ainda marcam  –  a  história  do  local,  será  possível  enumerar  os principais  motivos  que  levam  o Mercadão a  ser tão importante para memória do povo taubateano.  Sendo assim, pode ser útil recorrer a outros campos do conhecimento, como as áreas de Antropologia, Sociologia, História e Economia.

OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Elaborar  uma  Reportagem  Multimídia  sobre  a  trajetória  ao  longo  de  mais  de  um 
século de existência  do Mercado Municipal de Taubaté, destacando sua importância social/cultura/ gastronômica/ econômica e procurando retratar personagens notáveis que fizeram parte dessa história.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
●  Relatar a história e a trajetória do Mercadão de Taubaté, desde a sua criação até 
os dias de hoje;
●  Mostrar  a  importância  social,  cultural,  histórica,  gastronômica  e  econômica  do 
Mercado Municipal de Taubaté por meio de relatos e de fatos ocorridos ao longo 
dos anos;
●  Investigar  aspectos  pouco  conhecidos  do  Mercadão,  revelando  curiosidades  e 
elementos ainda mais atraentes para comerciantes e turistas que vão ao local;
●  Elaborar  um  perfil  das  de  personagens  notáveis  que  fizeram/fazem  parte  da 
história do Mercado Municipal de Taubaté. 

JUSTIFICATIVA
O  Trabalho  de  Graduação  busca  ser  uma  forma  de  documentação  da  história  do Mercado  Municipal  de  Taubaté,  mantendo  viva  a  memória  de  uma  das  cidades  mais importantes  para  a  história  brasileira.  Do  ponto  de  vista  social,  permitirá  dar  voz  aos personagens  que  fazem  parte  de  sua  história  até  os  dias  de  hoje,  documentando  a importância do Mercado municipal no contexto social, político, cultural e econômico para sua população, buscando, assim, preservar esse patrimônio da cidade.
Como  jornalista,  elaborar  a  Reportagem  Multimídia  proporcionou-me  ampliar  os conhecimentos  sobre  a  cultura  regional,  algo  fundamental  na  carreira  de  um  profissional dessa área.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PRINCIPAIS REFERÊNCIAS 
O FORMATO REPORTAGEM MULTIMÍDIA
O ambiente digital proporciona, de maneira intensa, uma interação maior do leitor  com  a  história  contada  e  com  seu  autor,  e,  também,  possibilita  um aprofundamento da narrativa, de maneira mais crítica, para o  Jornalismo. Na obra “Manual de  Jornalismo  Para Rádio, TV e Novas Mídias”, Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo  de  Lima  (2013)  evidenciam  o  seguinte  conceito  para  essa  publicação jornalística:

Graças às mais recentes tecnologias, jornalistas e o público em geral 
podem fazer mais para e por eles mesmos, uma vez que todos são 
sujeitos do processo de produção, divulgação e interação de notícias.
Eles podem realizar mais ações juntos, sem limitações ou hierarquia, 
pois todos têm a mesma importância, ainda que isso possa deixar os 
jornalistas melindrados. Esse envolvimento permite a construção de 
um Jornalismo  mais crítico, com o acompanhamento e a fiscalização 
do  público;  ou  seja,  a  redação  passou  a  ter  o  mesmo  tamanho  da 
rede e de seus nós. (BARBEIRO; LIMA, 2013, p. 38)

Por abordar como o  Jornalismo  pode ser trabalhado no ambiente digital, bem como  oferecer  aspectos  de  construção  e  produção  de  conteúdos  on-line,  a  obra acima citada é uma das referências que fundamentam este Trabalho de Graduação. 
Contudo,  outros  dois  autores  foram  consultados  e  se  mostram  relevantes  nesse sentido:  Pollyana  Ferrari  (2007),  pela  obra  “Hipertexto;  Hipermídia:  as  Novas Ferramentas  de  Comunicação”,  e  Hugo  Paulo  Gandolfi  Oliveira  (2012),  pela  obra organizada  “Redação  Jornalística  Multimeios:  Técnicas  para  Jornalismo  Impresso, Jornalismo On-line, Radiojornalismo, Telejornalismo e Fotojornalismo”. 
Na primeira obra mencionada acima, Pollyana Ferrari fala sobre a importância da  pró-atividade  do  profissional  de  comunicação  para  produzir  conteúdo  cross media,  oferecendo  um  suporte  diferente  para  as  mídias.  O  livro   promove  uma reflexão sobre o papel do jornalista na hora de produzir conteúdo relevante para o meio digital, que possua um diferencial de outros veículos e atraiam o público para o consumo. Essas considerações presentes na obra  citada  são fundamentais para o TG desenvolvido.
Já  na  obra  “Redação  Jornalística  Multimeios:  Técnicas  para  Jornalismo Impresso,  Jornalismo  On-line,  Radiojornalismo,  Telejornalismo  e  Fotojornalismo” (2012), o autor elenca as principais características do  Jornalismo  On-line  e como o profissional deve lidar com a plataforma digital. Trata -se de uma verdadeira aula de Jornalismo digital, com trechos em destaque como: 

O profissional que trabalha com o Jornalismo on-line deve considerar 
as  características  do  meio  e,  principalmente,  sua  instantaneidade, 
perenidade  e  o  formato  para  leitura.  Assim,  necessita  pensar  do 
ponto de vista do visual da página ou tela, com design atrativo para o 
leitor.  Também  deve  ter  curiosidade  e  dedicação  como  em  outros 
meios. É importante, igualmente, que tenha conhecimento mínimo de 
inglês  e  saiba  atuar  em  conjunto  com  o  designer  e  o  técnico  de 
computação. (ASSIS apud OLIVEIRA, 2012, p. 60)

Assim, as obras mencionadas – por seus conteúdos inspiradores e recheados de conceitos e definições fundamentais relacionados ao Jornalismo em profundidade – embasam a produção deste Trabalho de Graduação.

O  TEMA  HISTÓRIA  E  TRAJETÓRIA  DO  MERCADO  MUNICIPAL  DE 
TAUBATÉ
Por se tratar de uma  Reportagem Multimídia  sobre o Mercado Municipal de Taubaté, uma obra fundamental para o Trabalho de Graduação é o livro  “Tanque da Aguada  –  A  História  do  Mercado  Municipal”,  de  Hélio  Monteiro  Reis  (2013),  que traça  toda  a  trajetória  do  Mercado  Municipal  de  Taubaté,  desde  antes  de  sua consolidação de fato. O autor é um ex-feirante e escreveu a obra como resultado de anos  de  uma  vivência,  praticamente  diária,  com  o  Mercado  Municipal,  com pesquisas  realizadas  por  jornalistas  e  entrevistas  feitas  com  economistas  e historiadores,  além  de  depoimentos  de  pessoas  que  trabalharam  por  lá.  O  livro  é fundamental para o Trabalho de Graduação proposto porque apresenta boa parte da trajetória do Mercado Municipal de Taubaté:

Um dia, resolvi contar uma história, mas não qualquer história. Era 
uma  história  sobre  o  gigante  centenário  que  se  encontra  lá  pelas 
bandas  do  Tanque,  ou  lá  na  praça  Paula  de  Toledo,  que  os  mais 
chegados  chamam  de  Mercadão.  Foi  preciso  pesquisar  muito  para 
contar a você, meu caro leitor, o que levou Taubaté a construir um 
local onde sonhos se realizam, amizades foram feitas e histórias de 
famílias foram construídas. O Mercado Municipal de Taubaté chegou 
aos  dias  de  hoje  em  razões  de  decisões  que  foram  tomadas  há 
muitas  década,  há  centenas  de  anos  e,  que  hoje,  trazem 
consequências boas e ruins, que não poderiam ter sido previstas por 
nossos antepassados. (REIS, 2013, p. 19)

Além do livro mencionado, há outra obra que trata do tema que será abordado no  Trabalho  de  Graduação.  Trata-se  do  artigo  “Taubaté  na  História  Nacional”,  de Antonio Carlos de Argôllo Andrade (2012), no qual  são  abordados tanto  o contexto político e histórico em que o Mercado Municipal de Taubaté estava inserido durante a sua consolidação  quanto  os feitos dos gestores que passaram pela administração municipal  ao  longo  das  décadas.  O  artigo  também  cita  documentos  oficiais,  como decretos e projetos de lei  que foram determinantes para a trajetória do Mercado e para sua formação e organização atual.
A escolha das obras se deu, principalmente, devido à falta de conteúdos mais aprofundados que abordem o tema trabalhado na Reportagem Multimídia. 



2.    O Mercado de Taubaté foi fundado oficialmente em 1889. Qual era o contexto histórico, econômico, político e social do Brasil na época?
      Ao tornar-se independente em 1822, o Brasil possuía uma economia voltada para a exportação de matérias-primas. O mercado interno era pequeno, devido à falta de créditos e a quase completa subsistência das cidades, vilas e fazendas do país que se dedicavam à produção de alimentos e a criação de animais. A economia do Brasil era extremamente diversificada no período pós-Independência, mas foi necessário um grande esforço por parte do governo monárquico para realizar a transmutação de sistema econômico puramente escravocrata e colonial para uma nova economia, com mão de obra livre. Para um país carente de capitais, seria necessário investir o tanto quanto possível nas exportações, buscando alcançar uma balança comercial superavitária. Contudo, tal feito fora complicado pela completa falta de produtos manufaturados no país, o que resultou num aumento considerável das importações, criando um déficit contínuo. A maior parte das importações eram tecidos, vinhos, sabões, comestíveis, perfumarias, dentre outros.
      Até a década de 1850, itens como carvão, maquinaria, cimento, ferro, ferramentas e artigos de ferro representavam 11% das importações brasileiras em relação à Grã-Bretanha. Mas o processo de industrialização constante do Brasil faria com que este percentual alcançasse 28% em 1889. Com o passar das décadas, surgiram novas tecnologias, aumentou a produtividade interna e as exportações aumentaram consideravelmente. Durante a década de 1820, o açúcar equivalia a cerca de 30%, o algodão 21%, o café 18% e couros e peles 14% do total das exportações, sendo Pernambuco o centro das produções açucareira e algodoeira. Apenas vinte anos depois, o café alcançaria 42%, enquanto o açúcar 27%, os couros e peles 9% e o algodão 8% do total das exportações.              
      A renda per capita brasileira em 1890 era de 770 reais (em valores de 1990). Houve o censo demográfico em 1900. De acordo com a pesquisa, cerca de 17 milhões de pessoas residiam no Brasil e a expectativa de vida do Brasileiro era de 33,4 anos.
      Após a abolição, foram restituídos aos negros a liberdade, mas não a dignidade, não houve um processo de integração dos negros a sociedade, passaram a viver de subempregos a grande maioria desempenhavam as mesmas funções de quando eram escravos.
      Neste período ocorreram muitas  revoltas, movimentos políticos  como por exemplo Revolução Federalista, onde houve as batalhas de Carovi e de Passo Fundo e teve como causa a instabilidade política gerada pelos federalistas, que pretendiam libertar o Rio Grande do Sul da tirania de Júlio Prates de Castilhos, então presidente do Estado; A Guerra de Canudos - confronto entre o Exército Brasileiro e integrantes de um movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro, que durou de 1896 a 1897, na comunidade de Canudos, no interior do Estado da Bahia; Revolta da Armada - séria ameaça ao governo Floriano Peixoto. Revolta da Vacina - Revolta da população com campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal, contra a varíola.
      Uma nova mão de obra é empregada no Brasil: os imigrantes entre 1890-1920, para as fazendas de café na região de São Paulo, com um largo predomínio de italianos, portugueses, espanhóis e japoneses. Os Alemães, aproximadamente 57.000 deles migraram para o Brasil nesse período. O momento mais importante da história da imigração no Brasil iniciou-se no fim do século XIX. Este processo imigratório, incentivado pelo governo e pelos senhores do café, objetivava utilizar trabalhadores europeus nas plantações de café.


3.     O que representa, politicamente, a formação de Mercados Municipais no país? Quais eram as intenções por trás dessa consolidação?
     Por serem centros de concentração das diversas classes da sociedade local e regional, os Mercados Municipais também foram alvo da presença de políticos e turistas. Mas não podemos deixar de afirmar que é um espaço importante e discussões políticas e presenças de políticos em período de campanha. Feiras e mercados são algumas das maiores atrações de várias cidades brasileiras. Eles abastecem os moradores locais, mas também são muito visitados por turistas assim sendo, também são alvos de políticos.

4.     Taubaté foi uma das primeiras cidades a ter seu Mercado Municipal bem estruturado. Como o município estava inserido neste período no cenário nacional?
Pela sua colocação privilegiada e em consequência da grande produção e comércio de café, nesta época Taubaté enriqueceu-se e desenvolveu-se com muita rapidez, beneficiando-se de muitos melhoramentos, entre os quais o Mercado Municipal se tornou um destaque importante para a população. Uma das muitas identidades da cidade, que funciona como um local de sociabilizarão e rendimento de muitas famílias de comerciantes agrícolas da região e de outras cidades vizinhas.
     O mercado municipal é evidenciado pelas feiras que ocorrem aos domingos e pela feira de barganha que é um evento tradicional e quase centenário de escambo e venda de produtos usados que é realizado na área externa.
     A inauguração do Mercado Municipal de Taubaté ocorreu, em 10 de novembro de 1889, sendo o maior da região e um dos antigos do Estado de São Paulo.
     Construído no governo de Gastão Aldano Vaz Câmara Leal, o Mercado garante o funcionamento de um grande número de estabelecimentos comerciais em seu entorno. Uma pesquisa feita há alguns anos, mostra que o Mercado taubateano representa mais de 8 mil empregos diretos e indiretos. É quem mais emprega na cidade, superando nossas grandes indústrias.
     O Prefeito Gastão Leal nasceu na Corte do Rio de Janeiro, no dia 31 de agosto de 1869, filho do Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial e Desembargador Dr. Luiz Francisco da Câmara Leal e de D. Ana Maria Gil Vaz Lobo da Câmara Leal, Açafata de S. Majestade a Imperatriz do Brasil, D. Tereza Cristina.
     Mudou-se com sua mãe para Taubaté em 1883, após o falecimento de seu pai. Formou-se em Direito, pela Faculdade de São Paulo (atual São Francisco), em 1891.
     Sua vida profissional teve início em Taubaté, em 1891 antes de se formar em Direito. E em 1892 iniciou oficialmente sua carreira jurídica em Jambeiro. Exerceu sua vida profissional, a advocacia, em Taubaté, onde tinha seu escritório de sociedade com seu irmão Eusébio, desde 1892 até 1910. Entre 1911 a 1934 deixou de advogar.
     Em 1907 foi eleito prefeito de Taubaté, construindo o novo Mercado da cidade (1913-1915). Foi a primeira construção em cimento armado que se fez em Taubaté.

5.     Qual a importância de Taubaté para o período Imperial e para a história brasileira?
      Taubaté recebeu o título de Imperial Cidade ou Cidade Imperial, conferido por decreto a alguns centros urbanos durante o Império do Brasil. Em tese, apenas as cidades mais importantes recebiam tal status, conferindo-lhes certa autonomia e poder regional. Contudo, conforme atestam alguns historiadores, a malha urbana e a influência política de alguns desses municípios pouco mudou após receberem o título, caso de São Paulo. Convenciona-se que todas as cidades cognominadas cidades imperais tenham perdido tal título após a proclamação da República, em 1889.

Imperiais Cidades:
Petrópolis - fundada em 1843 por decreto do Imperador do Brasil, Petrópolis sempre foi a cidade preferida da família imperial, criada pelo Imperador e a primeira cidade projetada do Brasil. A mais importante de todas as cidades imperiais.

Rio de Janeiro — na qualidade de capital do Império, considerada Município Neutro.

São Paulo — por decreto de 1820, na qualidade de capital da província de São Paulo, cognominada Burgo dos Estudantes.

Ouro Preto (então Vila Rica) — por decreto de 24 de fevereiro de 1823, na qualidade de capital da província das Minas Gerais.

Taubaté — por decreto de 5 de fevereiro de 1842. Na qualidade de principal cidade do Vale do Paraíba.

6.    Como era caracterizado o comércio taubateano antes da inauguração do Mercado Municipal? Como ele impulsionou a necessidade de criação do Mercado?
     Basicamente em armazéns, pequenos empórios, tropeiros, comerciantes ambulantes, produtores rurais vendendo seus produtos pelas ruas da cidade, alguns mascates.
     Com o crescimento do município e o antigo ponto do mercado com problemas de higiene foi edificado o novo conjunto, como também os conflitos constantes entreos padres da matriz e os feirantes e camelos da época.(essa parte você encontra no TCC da aluna de história Arlete sob minha orientação)

7.    O que realmente levou à criação do Mercado Municipal de Taubaté?
     Na década de 1890, intensifica-se o trabalho de limpeza, de higienização dos espaços, a saúde pública passa a ser pauta contínua nas discussões do legislativo municipal: dentre às 22 seções do ano de 1890, em nove tratou-se da limpeza da cidade e, por isso, da reforma em caráter de urgência do mercado municipal e do matadouro em outras três sobre a importância da água tratada e encanada. Na 2ª seção desse ano, aos 24 de janeiro, nomeou-se o Fiscal do Mercado, Zelador de Águas, Administrador do Matadouro, além de compor a Comissão de Obras Públicas e a Comissão de Justiça e Higiene.
     Se examinarmos as Atas da Câmara de Taubaté no ano de 1911, constatamos que existia a preocupação com a saúde pública, sobretudo, numa perspectiva higienista. Houve discussões, em inúmeras sessões, sobre a necessidade de se construir o novo mercado municipal para que se garantisse um modus vivendi mais saudável e moderno.

8.    Qual o papel desempenhado pelo Mercado Municipal de Taubaté no final do século XIX e começo do XX? Como ele se tornou uma referência regional e por quê?
 Taubaté era um entreposto das cidades em seu entorno, bem como rota importante dos tropeiros, que transportavam os artigos para comercialização.

  1.  São José dos Campos inaugurou seu Mercado em 1923 e São Paulo, apenas em 1933. Quais fatores levaram a consolidação precoce do Mercado taubateano?
O primeiro Mercado Municipal de São Paulo foi inaugurado em 1867. Até o início do século XVIII os paulistanos compravam diretamente do produtor - ou das quitandeiras, que vendiam de tudo nas praças e ruas da cidade. Em 1867, foi construído, perto do Rio Tamanduateí, o primeiro Mercado Municipal de São Paulo, na antiga Várzea do Carmo, na região central. O antigo mercado era formado por vendinhas em precárias condições higiênicas - e estéticas. Ficava perto da rede ferroviária por causa da distribuição ao litoral.
Em 1896 foi inaugurado o Mercado Municipal em São José dos Campos, que ocupava um terço da área do atual mercado. No restante da área, existia uma pracinha, o Largo do Mercado ou Largo D’Aparecida, defronte à Igreja de Nossa Senhora Aparecida.

10.  Na época, qual foi a importância, para a população, de estruturar uma área destinada a trocas comerciais concentradas em um único local?
     Isto já acontecia, de um modo mais desorganizado. Houve um facilitador, tanto para os comerciantes como para sua clientela.


11.  Quando se fala em Mercado Municipal, logo se pensa em trocas comerciais, porém, sabe-se que vai muito além disso. Quais outros tipos de trocas eram – e são- estabelecidas por lá?
     Iniciavam-se namoros, solidificavam-se amizades, debatia-se política, trocavam receitas e crendices, fofocavam e conviviam. Os produtores da zona rural tinham acesso livre para vender seus produtos, expostos no próprio chão, sobre um pano de saco. Eram principalmente verduras, legumes, frutas, ovos, frangos, farinha de mandioca e de milho, feijão, doces, entre outros. Os vendedores de peixe eram os próprios pescadores do Rio Paraíba que comercializavam seus produtos, hoje entregue em grande parte, por empresas pesqueiras, antes não havia peixes do mar, só peixes de rio como: lambari, bagre, traíra, etc. 
     Também podiam ser encontrados fumo de rolo, trançado de couro como o chicote, laços, utensílios feitos de lata, vassouras, brinquedos de madeira, objetos de cerâmica como potes, moringas, talhas, panelões, louça para cozinha, apitos, bem como armazéns completos, bares com pastéis e outros comestíveis preparados na hora, tudo cercado pelos açougues.
     Os produtores traziam seus produtos em cavalos, burros e carros de boi que ficavam estacionados nas proximidades.
     Hoje as bancas de pastéis, caldo de cana, temperos atraem consumidores e turistas.
    
12.   Como a consolidação foi importante para desenvolver a cultura taubateana e criar-se uma identidade social?
     É inegável a contribuição do Mercado Municipal como patrimônio Material e Imaterial. Ao visitá-lo compreendemos o sentido da hospitalidade. A cultura hibridada nos costumes e gestos. Suas memórias estão entre os feirantes e clientes. Desde o tempo em que se comercializava os produtos artesanais dos figureiros, a musicalidade, a culinária, a religiosidade, contribuem para a formação da identidade do valeparaibano.
     Este conjunto de saberes reúne elementos e tradições culturais os quais estão associados à linguagem popular e oral.


13.   De que forma o Mercado construiu uma tradição entre sua população e fortaleceu a relação de sua população, principalmente entre os mais velhos e os mais novos?
Os laços de relacionamento se fortalecem na convivência simples e brejeira do ambiente.

14.   Durante a formação cultural que ocorreu dentro do Mercado, dois grupos exerceram uma importante influência: figureiros e os imigrantes. Quais foram os papéis desempenhados por estes grupos? Como eles se caracterizavam?
Todo domingo as figureiras faziam exposições no mercado municipal antes de ser construída a casa dos figureiros. Sugiro que faça algumas entrevistas com elas, principalmente as mais antigas.

15.   Taubaté era uma das cidades mais relevantes de nossa região ao final do século XIX e começo do século XX. Qual era o impacto de Taubaté nas cidades vizinhas?
     Somente nas cidades vizinhas, que vinham comercializar seu excedente no Mercado Municipal. Outras cidades como São José dos Campos, Caçapava, Pindamonhangaba, Guaratinguetá, Lorena, Cunha tinham seus Mercados com bom desenvolvimento.



02. CICTED

TROCAS E COMPRAS:
O MERCADO MUNICIPAL DE TAUBATÉ
Sidneife Marcos de Freitas da Silva – Graduando 2º semestre de História
(sidneife.marcos@bol.com.br)
Syamala Martins Botero – Graduando 2º semestre de História
(syamala108@hotmail.com)
Orientador: Prof.º Me. Armindo Boll (cartataubate2@bol.com.br)

Este trabalho tem como objetivo, pesquisar as origens e a importância do Mercado Municipal de Taubaté, sendo que o município foi o primeiro núcleo habitacional do Vale do Paraíba e preserva algumas das suas tradições. Após o período de urbanização da cidade, produtos de origem rural como frutas, verduras, ervas, flores, artesanato, doces e quitutes caipiras começaram a ser comercializados no local. Parada obrigatória para viajantes e comerciantes, entroncamento de rotas das Minas Gerais, São Luiz do Paraitinga, do porto de Ubatuba, no caminho de São Paulo-Rio de Janeiro floresceu o seu comércio de troca e venda. Na área externa do Mercado Municipal até hoje acontece a feira da barganha, ou breganha, nos finais de semana. A metodologia utilizada foi o da revisão bibliográfica, pesquisamos também no Mercado Municipal, no Museu Municipal Prof. Paulo Camilher Florençano, no Arquivo Municipal e do inventário elaborado pelo Projeto Taubaté Tempo e Memória, ligado a Pró - Reitoria de Extensão, da UNITAU e destacamos o Trabalho de Conclusão de Curso da historiadora Arlete Constantino Pessoa Raposo intitulado “A gênese do Mercado Municipal de Taubaté” de 2009, onde tiramos os seguintes depoimentos: Dona Antônia Aparecida, ou como todos a chamam na feira, dona Tonica, de 90 anos, chegou ao mercadão 14 anos depois da sua inauguração, em 1929; Francisco Zeferino da Silva, conhecido no Mercadão como ‘Seu Chico’, de 61 anos. Ele trabalha há 49 anos, desde os 13, mas o local existe há mais de 56 anos e passou de seu pai, José Eugênio, mineiro fundador da pastelaria; Eliana Aparecida Borges da Silva, de 38 anos, herdeira dos ensinamentos de sua avó e da barraca de ervas de seu pai. Ao realizar essa pesquisa podemos perceber as trocas de experiências agregando vivencias e saberes. Concluímos que esse comércio local, do Mercado Municipal, evidencia algumas transformações ocorridas, porém preservando algumas tradições desde o século XIX. Por isso, assinalamos sua importância histórica para a cidade e para o Vale do Paraíba, pois o espaço desse mercado se coloca além de um simples local de compra e venda, mas se afirma como um espaço de convivência e de troca de sabores.

Palavras-chave: Mercado Municipal; História; Memória; Comércio Popular 




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