A
Vila de São Francisco das Chagas de Taubaté era abastecida por um reservatório
de água na região denominada como “Banda do Tanque”, que abrangia o Largo do
Mercado e o Ribeirão da Correia. Os homens das tropas que chegavam com produtos
de São Luiz do Paraitinga e do porto de Ubatuba ficavam exaustos por causa do
peso do carregamento e pela subida da Serra do Mar. A região do tanque era o
ponto de parada das tropas, que descansavam na sombra das árvores.
Em
1841, o embrião do futuro mercado municipal foi estabelecido quando Câmara
reservou a região do tanque como “logradouro público e parada de tropas”. Aos
poucos, essa região foi anexada à vila, até que foi extinto em meados no século
XIX, quando no ano de 1857 terminava a construção do mercado municipal, com a
instalação do telheiro para melhor comodidade das pessoas. A data oficial de
inauguração do mercado municipal de Taubaté ocorreu alguns anos depois, em 10
de novembro de 1889.
Entrevista com o Prof. Me. Armindo Boll
ALUNA: Heloísa Costa, curso - Jornalismo
1. Como
nasceu a atividade comercial em nosso país? Como ela se caracterizava
inicialmente
Historicamente, o comércio surgiu a partir dos
processos de trocas na antiguidade, quando determinados grupos trocavam suas
produções por outras. E o surgimento do comércio é justamente isso: trocar uma coisa por outra.
Atualmente, produtos e serviços são trocados por dinheiro.
Quando se iniciaram as grandes lavouras de
trigo, arroz, cana de açúcar e café, dentre outros alimentos, cada produtor ia
ao mercado da cidade para “trocar” o excedente da sua produção por outras
mercadorias.
A história do varejo no Brasil começou no
período colonial, quando surgiram os primeiros armazéns. A cultura de varejo perdurou
na sociedade nas épocas das plantações de café, algodão, cana de açúcar e principalmente,
em que os consumidores adquiriam os produtos em pequenas quantidades.
Abaixo uma linha do tempo com alguns momentos
relacionados ao comércio:
1500-1530 – Colonização
portuguesa: portugueses fizeram índios de escravos para
extrair as riquezas naturais do Brasil e as vendiam como matéria-prima e como
diversos produtos.
1649 – Ano de fundação da
Companhia Geral do Comércio do Brasil. Até então, existiam apenas empórios que
vendiam itens importados.
1808 – Ano
de chegada da família real ao Rio de Janeiro. Com isso, surgiram as primeiras
lojas de luxo na cidade.
1884-1959 – Chegada
de, aproximadamente, 5 milhões imigrantes que auxiliaram no surgimento de
vendedores ambulantes, feiras livres e armazéns.
1900-1930 – Começo
do processo de industrialização no Brasil.
1908 – Ano
de inauguração do primeiro magazine brasileiro: as lojas Pernambucanas
1953 – Ano
de surgimento dos primeiros supermercados brasileiros no modelo de autosserviço;
algo parecido com o modelo americano de supermercados, que já existiam desde
1920. O primeiro supermercado brasileiro foi inaugurado em São Paulo e levava o
nome “Tecelagem Paraíba”.
1966 – Ano
de inauguração do primeiro Shopping Center do Brasil: o Shopping Iguatemi, em
São Paulo.
O tropeirismo foi fundamental para o
desenvolvimento do comércio, não só em Taubaté como no Brasil. Um dos marcos
iniciais do tropeirismo foi quando a Coroa Portuguesa instalou em 1695 na Vila
de Taubaté, a Casa de Fundição de Taubaté, também chamada de Oficina Real dos
Quintos. Taubaté então se desenvolveu como primeiro núcleo urbano oficial no
Vale do Paraíba Paulista, beneficiado por sua localização de passagem entre os
estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro com importante destaque na
história do Brasil. A partir de então, todo o ouro extraído das Minas Gerais
deveria ser levado a esta Vila e de lá seguia para o porto de Paraty, de onde
era encaminhado para o reino, via cidade do Rio de Janeiro. A palavra
"tropeiro" deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que
transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para
designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até
os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro, porém
há quem use o termo em momentos anteriores da vida colonial, como no
"ciclo do açúcar" entre os séculos XVI e XVII, quando várias regiões
do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização
com os senhores de engenho. Além de seu importante papel na economia, o
tropeiro teve importância cultural relevante como veiculador de ideias e
notícias entre as aldeias e comunidades distantes entre si, numa época em que
não existiam estradas no Brasil.
Os tropeiros procuravam seguir o curso dos
rios ou atravessar as áreas mais abertas, os "campos gerais" e mesmo
conhecendo os caminhos mais seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao
final de cada dia era acesso o fogo, para depois construir uma tenda com os
couros que serviam para cobrir a carga dos animais, reservando alguns para
colocar no chão, onde dormiam envoltos em seu manto. Chamava-se
"encosto" o pouso em pasto aberto e "rancho" quando já
havia um abrigo construído. Ao longo do tempo os principais pousos se transformaram
em povoações e vilas. É interessante notar que dezenas de cidades do interior
na região sul do Brasil e mesmo em São Paulo, atribuem sua origem a atividade
dos tropeiros.
MERCADÃO DE TAUBATÉ: História e Trajetória
Heloisa Faria da Costa
Disponível em: https://1drv.ms/f/s!Agat83HvPHs-0lkQUQ9_9WmcNmeN
Trabalho de Graduação (TG) apresentado
para obtenção do Certificado de Graduação
pelo Curso de Jornalismo do Departamento
de Comunicação Social da Universidade de Taubaté.
Orientadora: Profª. Dra. Eliane Freire de Oliveira.
Inaugurado em 1889, o Mercado Municipal de Taubaté é um dos principais símbolos históricos e pontos comerciais da cidade. Com mais de um século de existência, o local abriga diversos personagens importantes para a construção da história de Taubaté (SP), que também constroem uma identidade taubateana. Além disso, serviu de ponto de parada de muitos viajantes. Ainda hoje, o Mercadão, como é popularmente conhecido, é visitado diariamente por vários taubateanos, devido à sua importância econômica para sua população e também de municípios vizinhos. A Reportagem Multimídia elaborada como Trabalho de Graduação do Jornalismo tem por objetivo destacar a importância do Mercado Municipal para a construção da identidade taubateana, ao relatar a sua trajetória ao longo de mais de um século de existência sob os aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Por meio de perfis de personagens que marcaram – e ainda marcam – a história do local, será possível enumerar os principais motivos que levam o Mercadão a ser tão importante para memória do povo taubateano. Os recursos multimídias do produto jornalístico on-line incluem vídeos, podcast, slideshow, mapas e linha do tempo, além de contar com várias imagens do Mercado Municipal de Taubaté, acompanhando conteúdos dedicados aos temas: história do Mercadão, Feira da Breganha, situação atual, personagens e futuro.
CONTEXTUALIZAÇÃO
O município de Taubaté é uma das cidades mais importantes para a história nacional. Foi o local que serviu de base aos bandeirantes durante o ciclo do Ouro, se destacou principalmente pela produção de café durante o Segundo Reinado e, mais tarde, desempenhou um papel importante na política federal com o “Convênio de Taubaté”. Devido ao seu destaque no cenário nacional, Taubaté recebeu muitos viajantes.
Inaugurado em 1889, o Mercado Municipal de Taubaté é um dos principais símbolos históricos e pontos comerciais da cidade. Com mais de um século de existência, o local abriga diversos personagens importantes para a construção da istória de Taubaté, que também constroem uma identidade taubateana. Além disso, serviu de ponto de parada de muitos viajantes. Ainda hoje, o Mercadão, como é popularmente conhecido, é visitado diariamente por vários taubateanos, devido à sua importância econômica para sua população e também de municípios vizinhos.
A Reportagem Multimídia elaborada como Trabalho de Graduação (TG) destaca a importância do Mercado Municipal para a construção da identidade taubateana ao relatar a sua trajetória ao longo de mais de um século de existência, sob os aspectos econômicos, políticos, sociais e culturais. Por meio de perfis de personagens que marcaram – e ainda marcam – a história do local, será possível enumerar os principais motivos que levam o Mercadão a ser tão importante para memória do povo taubateano. Sendo assim, pode ser útil recorrer a outros campos do conhecimento, como as áreas de Antropologia, Sociologia, História e Economia.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Elaborar uma Reportagem Multimídia sobre a trajetória ao longo de mais de um
século de existência do Mercado Municipal de Taubaté, destacando sua importância social/cultura/ gastronômica/ econômica e procurando retratar personagens notáveis que fizeram parte dessa história.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
● Relatar a história e a trajetória do Mercadão de Taubaté, desde a sua criação até
os dias de hoje;
● Mostrar a importância social, cultural, histórica, gastronômica e econômica do
Mercado Municipal de Taubaté por meio de relatos e de fatos ocorridos ao longo
dos anos;
● Investigar aspectos pouco conhecidos do Mercadão, revelando curiosidades e
elementos ainda mais atraentes para comerciantes e turistas que vão ao local;
● Elaborar um perfil das de personagens notáveis que fizeram/fazem parte da
história do Mercado Municipal de Taubaté.
JUSTIFICATIVA
O Trabalho de Graduação busca ser uma forma de documentação da história do Mercado Municipal de Taubaté, mantendo viva a memória de uma das cidades mais importantes para a história brasileira. Do ponto de vista social, permitirá dar voz aos personagens que fazem parte de sua história até os dias de hoje, documentando a importância do Mercado municipal no contexto social, político, cultural e econômico para sua população, buscando, assim, preservar esse patrimônio da cidade.
Como jornalista, elaborar a Reportagem Multimídia proporcionou-me ampliar os conhecimentos sobre a cultura regional, algo fundamental na carreira de um profissional dessa área.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PRINCIPAIS REFERÊNCIAS
O FORMATO REPORTAGEM MULTIMÍDIA
O ambiente digital proporciona, de maneira intensa, uma interação maior do leitor com a história contada e com seu autor, e, também, possibilita um aprofundamento da narrativa, de maneira mais crítica, para o Jornalismo. Na obra “Manual de Jornalismo Para Rádio, TV e Novas Mídias”, Heródoto Barbeiro e Paulo Rodolfo de Lima (2013) evidenciam o seguinte conceito para essa publicação jornalística:
Graças às mais recentes tecnologias, jornalistas e o público em geral
podem fazer mais para e por eles mesmos, uma vez que todos são
sujeitos do processo de produção, divulgação e interação de notícias.
Eles podem realizar mais ações juntos, sem limitações ou hierarquia,
pois todos têm a mesma importância, ainda que isso possa deixar os
jornalistas melindrados. Esse envolvimento permite a construção de
um Jornalismo mais crítico, com o acompanhamento e a fiscalização
do público; ou seja, a redação passou a ter o mesmo tamanho da
rede e de seus nós. (BARBEIRO; LIMA, 2013, p. 38)
Contudo, outros dois autores foram consultados e se mostram relevantes nesse sentido: Pollyana Ferrari (2007), pela obra “Hipertexto; Hipermídia: as Novas Ferramentas de Comunicação”, e Hugo Paulo Gandolfi Oliveira (2012), pela obra organizada “Redação Jornalística Multimeios: Técnicas para Jornalismo Impresso, Jornalismo On-line, Radiojornalismo, Telejornalismo e Fotojornalismo”.
Na primeira obra mencionada acima, Pollyana Ferrari fala sobre a importância da pró-atividade do profissional de comunicação para produzir conteúdo cross media, oferecendo um suporte diferente para as mídias. O livro promove uma reflexão sobre o papel do jornalista na hora de produzir conteúdo relevante para o meio digital, que possua um diferencial de outros veículos e atraiam o público para o consumo. Essas considerações presentes na obra citada são fundamentais para o TG desenvolvido.
Já na obra “Redação Jornalística Multimeios: Técnicas para Jornalismo Impresso, Jornalismo On-line, Radiojornalismo, Telejornalismo e Fotojornalismo” (2012), o autor elenca as principais características do Jornalismo On-line e como o profissional deve lidar com a plataforma digital. Trata -se de uma verdadeira aula de Jornalismo digital, com trechos em destaque como:
O profissional que trabalha com o Jornalismo on-line deve considerar
as características do meio e, principalmente, sua instantaneidade,
perenidade e o formato para leitura. Assim, necessita pensar do
ponto de vista do visual da página ou tela, com design atrativo para o
leitor. Também deve ter curiosidade e dedicação como em outros
meios. É importante, igualmente, que tenha conhecimento mínimo de
inglês e saiba atuar em conjunto com o designer e o técnico de
computação. (ASSIS apud OLIVEIRA, 2012, p. 60)
Assim, as obras mencionadas – por seus conteúdos inspiradores e recheados de conceitos e definições fundamentais relacionados ao Jornalismo em profundidade – embasam a produção deste Trabalho de Graduação.
O TEMA HISTÓRIA E TRAJETÓRIA DO MERCADO MUNICIPAL DE
TAUBATÉ
Por se tratar de uma Reportagem Multimídia sobre o Mercado Municipal de Taubaté, uma obra fundamental para o Trabalho de Graduação é o livro “Tanque da Aguada – A História do Mercado Municipal”, de Hélio Monteiro Reis (2013), que traça toda a trajetória do Mercado Municipal de Taubaté, desde antes de sua consolidação de fato. O autor é um ex-feirante e escreveu a obra como resultado de anos de uma vivência, praticamente diária, com o Mercado Municipal, com pesquisas realizadas por jornalistas e entrevistas feitas com economistas e historiadores, além de depoimentos de pessoas que trabalharam por lá. O livro é fundamental para o Trabalho de Graduação proposto porque apresenta boa parte da trajetória do Mercado Municipal de Taubaté:
Um dia, resolvi contar uma história, mas não qualquer história. Era
uma história sobre o gigante centenário que se encontra lá pelas
bandas do Tanque, ou lá na praça Paula de Toledo, que os mais
chegados chamam de Mercadão. Foi preciso pesquisar muito para
contar a você, meu caro leitor, o que levou Taubaté a construir um
local onde sonhos se realizam, amizades foram feitas e histórias de
famílias foram construídas. O Mercado Municipal de Taubaté chegou
aos dias de hoje em razões de decisões que foram tomadas há
muitas década, há centenas de anos e, que hoje, trazem
consequências boas e ruins, que não poderiam ter sido previstas por
nossos antepassados. (REIS, 2013, p. 19)
A escolha das obras se deu, principalmente, devido à falta de conteúdos mais aprofundados que abordem o tema trabalhado na Reportagem Multimídia.
2.
O Mercado
de Taubaté foi fundado oficialmente em 1889. Qual era o contexto histórico,
econômico, político e social do Brasil na época?
Ao tornar-se independente em 1822, o
Brasil possuía uma economia voltada para a exportação de matérias-primas. O
mercado interno era pequeno, devido à falta de créditos e a quase completa
subsistência das cidades, vilas e fazendas do país que se dedicavam à produção
de alimentos e a criação de animais. A economia do Brasil era extremamente
diversificada no período pós-Independência, mas foi necessário um grande
esforço por parte do governo monárquico para realizar a transmutação de sistema
econômico puramente escravocrata e colonial para uma nova economia, com mão de
obra livre. Para um país carente de capitais, seria necessário investir o tanto
quanto possível nas exportações, buscando alcançar uma balança comercial
superavitária. Contudo, tal feito fora complicado pela completa falta de
produtos manufaturados no país, o que resultou num aumento considerável das
importações, criando um déficit contínuo. A maior parte das importações eram
tecidos, vinhos, sabões, comestíveis, perfumarias, dentre outros.
Até a década de 1850, itens como carvão,
maquinaria, cimento, ferro, ferramentas e artigos de ferro representavam 11%
das importações brasileiras em relação à Grã-Bretanha. Mas o processo de
industrialização constante do Brasil faria com que este percentual alcançasse
28% em 1889. Com o passar das décadas, surgiram novas tecnologias, aumentou a
produtividade interna e as exportações aumentaram consideravelmente. Durante a
década de 1820, o açúcar equivalia a cerca de 30%, o algodão 21%, o café 18% e
couros e peles 14% do total das exportações, sendo Pernambuco o centro das
produções açucareira e algodoeira. Apenas vinte anos depois, o café alcançaria
42%, enquanto o açúcar 27%, os couros e peles 9% e o algodão 8% do total das
exportações.
A renda per capita brasileira em 1890 era
de 770 reais (em valores de 1990). Houve o censo demográfico em 1900. De acordo
com a pesquisa, cerca de 17 milhões de pessoas residiam no Brasil e a
expectativa de vida do Brasileiro era de 33,4 anos.
Após a abolição, foram restituídos aos
negros a liberdade, mas não a dignidade, não houve um processo de integração dos
negros a sociedade, passaram a viver de subempregos a grande maioria
desempenhavam as mesmas funções de quando eram escravos.
Neste período ocorreram muitas revoltas, movimentos políticos como por exemplo Revolução Federalista, onde houve
as batalhas de Carovi e de Passo Fundo e teve como causa a instabilidade
política gerada pelos federalistas, que pretendiam libertar o Rio Grande do Sul
da tirania de Júlio Prates de Castilhos, então presidente do Estado; A Guerra
de Canudos - confronto entre o Exército Brasileiro e integrantes de um
movimento popular de fundo sócio-religioso liderado por Antônio Conselheiro,
que durou de 1896 a 1897, na comunidade de Canudos, no interior do Estado da
Bahia; Revolta da Armada - séria ameaça ao governo Floriano Peixoto. Revolta da
Vacina - Revolta da população com campanha de vacinação obrigatória, imposta
pelo governo federal, contra a varíola.
Uma nova mão de obra é empregada no
Brasil: os imigrantes entre 1890-1920, para as fazendas de café na região de
São Paulo, com um largo predomínio de italianos, portugueses, espanhóis e
japoneses. Os Alemães, aproximadamente 57.000 deles migraram para o Brasil
nesse período. O momento mais importante da história da imigração no Brasil
iniciou-se no fim do século XIX. Este processo imigratório, incentivado pelo
governo e pelos senhores do café, objetivava utilizar trabalhadores europeus
nas plantações de café.
3.
O que representa, politicamente, a formação de
Mercados Municipais no país? Quais eram as intenções por trás dessa
consolidação?
Por serem centros de concentração das
diversas classes da sociedade local e regional, os Mercados Municipais também
foram alvo da presença de políticos e turistas. Mas não podemos deixar de
afirmar que é um espaço importante e discussões políticas e presenças de
políticos em período de campanha. Feiras e mercados são algumas das maiores
atrações de várias cidades brasileiras. Eles abastecem os moradores locais, mas
também são muito visitados por turistas assim sendo, também são alvos de
políticos.
4.
Taubaté foi uma das primeiras cidades a ter
seu Mercado Municipal bem estruturado. Como o município estava inserido neste
período no cenário nacional?
Pela sua colocação
privilegiada e em consequência da grande produção e comércio
de café, nesta época Taubaté enriqueceu-se e desenvolveu-se com muita rapidez,
beneficiando-se de muitos melhoramentos, entre os quais o Mercado Municipal se
tornou um destaque importante para a população. Uma das muitas identidades da
cidade, que funciona como um local de sociabilizarão e rendimento de muitas
famílias de comerciantes agrícolas da região e de outras cidades vizinhas.
O mercado municipal é evidenciado pelas
feiras que ocorrem aos domingos e pela feira de barganha que é um evento
tradicional e quase centenário de escambo e venda de produtos usados que é
realizado na área externa.
A inauguração do Mercado Municipal de
Taubaté ocorreu, em 10 de novembro de 1889, sendo o maior da região e um dos
antigos do Estado de São Paulo.
Construído no governo de Gastão Aldano Vaz
Câmara Leal, o Mercado garante o funcionamento de um grande número de
estabelecimentos comerciais em seu entorno. Uma pesquisa feita há alguns anos,
mostra que o Mercado taubateano representa mais de 8 mil empregos diretos e
indiretos. É quem mais emprega na cidade, superando nossas grandes indústrias.
O Prefeito Gastão Leal nasceu na Corte do
Rio de Janeiro, no dia 31 de agosto de 1869, filho do Fidalgo Cavaleiro da Casa
Imperial e Desembargador Dr. Luiz Francisco da Câmara Leal e de D. Ana Maria
Gil Vaz Lobo da Câmara Leal, Açafata de S. Majestade a Imperatriz do Brasil, D.
Tereza Cristina.
Mudou-se com sua mãe para Taubaté em 1883,
após o falecimento de seu pai. Formou-se em Direito, pela Faculdade de São
Paulo (atual São Francisco), em 1891.
Sua vida profissional teve início em
Taubaté, em 1891 antes de se formar em Direito. E em 1892 iniciou oficialmente
sua carreira jurídica em Jambeiro. Exerceu sua vida profissional, a advocacia,
em Taubaté, onde tinha seu escritório de sociedade com seu irmão Eusébio, desde
1892 até 1910. Entre 1911 a 1934 deixou de advogar.
Em 1907 foi eleito prefeito de Taubaté,
construindo o novo Mercado da cidade (1913-1915). Foi a primeira construção em
cimento armado que se fez em Taubaté.
5.
Qual a importância de Taubaté para o período
Imperial e para a história brasileira?
Taubaté recebeu o
título de Imperial Cidade ou Cidade Imperial, conferido por decreto
a alguns centros urbanos durante o Império do Brasil. Em tese, apenas as
cidades mais importantes recebiam tal status, conferindo-lhes certa autonomia e
poder regional. Contudo, conforme atestam alguns historiadores, a malha urbana
e a influência política de alguns desses municípios pouco mudou após receberem
o título, caso de São Paulo. Convenciona-se que todas as cidades cognominadas
cidades imperais tenham perdido tal título após a proclamação da República, em
1889.
Imperiais Cidades:
Petrópolis - fundada em 1843 por decreto do Imperador do Brasil, Petrópolis
sempre foi a cidade preferida da família imperial, criada pelo Imperador e a
primeira cidade projetada do Brasil. A mais importante de todas as cidades
imperiais.
Rio de Janeiro — na qualidade de capital do Império, considerada Município
Neutro.
São Paulo — por decreto de 1820, na qualidade de capital da província de
São Paulo, cognominada Burgo dos Estudantes.
Ouro Preto (então Vila Rica) — por decreto de 24 de
fevereiro de 1823, na qualidade de capital da província das Minas Gerais.
Taubaté — por decreto de 5 de fevereiro de 1842. Na qualidade de principal
cidade do Vale do Paraíba.
6.
Como
era caracterizado o comércio taubateano antes da inauguração do Mercado
Municipal? Como ele impulsionou a necessidade de criação do Mercado?
Basicamente em armazéns, pequenos empórios, tropeiros,
comerciantes ambulantes, produtores rurais vendendo seus produtos pelas ruas da
cidade, alguns mascates.
Com o crescimento do município e o antigo
ponto do mercado com problemas de higiene foi edificado o novo conjunto, como
também os conflitos constantes entreos padres da matriz e os feirantes e
camelos da época.(essa parte você encontra no TCC da aluna de história Arlete
sob minha orientação)
7.
O
que realmente levou à criação do Mercado Municipal de Taubaté?
Na década de 1890, intensifica-se o
trabalho de limpeza, de higienização dos espaços, a saúde pública passa a ser
pauta contínua nas discussões do legislativo municipal: dentre às 22 seções do
ano de 1890, em nove tratou-se da limpeza da cidade e, por isso, da reforma em
caráter de urgência do mercado municipal e do matadouro em outras três sobre a
importância da água tratada e encanada. Na 2ª seção desse ano, aos 24 de
janeiro, nomeou-se o Fiscal do Mercado,
Zelador de Águas, Administrador do Matadouro, além de compor a Comissão de
Obras Públicas e a Comissão de Justiça e Higiene.
Se examinarmos as Atas da Câmara de Taubaté
no ano de 1911, constatamos que existia a preocupação com a saúde pública,
sobretudo, numa perspectiva higienista. Houve discussões, em inúmeras sessões,
sobre a necessidade de se construir o novo mercado municipal para que se
garantisse um modus vivendi mais
saudável e moderno.
8.
Qual
o papel desempenhado pelo Mercado Municipal de Taubaté no final do século XIX e
começo do XX? Como ele se tornou uma referência regional e por quê?
Taubaté era um entreposto
das cidades em seu entorno, bem como rota importante dos tropeiros, que
transportavam os artigos para comercialização.
- São José dos Campos inaugurou seu Mercado
em 1923 e São Paulo, apenas em 1933. Quais fatores levaram a consolidação
precoce do Mercado taubateano?
O primeiro Mercado Municipal de São Paulo foi inaugurado em 1867.
Até o início do século XVIII os paulistanos compravam diretamente do
produtor - ou das quitandeiras, que vendiam de tudo nas praças e ruas da
cidade. Em 1867, foi construído, perto do Rio Tamanduateí, o primeiro Mercado
Municipal de São Paulo, na antiga Várzea do Carmo, na região central. O antigo
mercado era formado por vendinhas em precárias condições higiênicas - e
estéticas. Ficava perto da rede ferroviária por causa da distribuição ao
litoral.
Em 1896 foi inaugurado
o Mercado Municipal em São José dos Campos, que ocupava um terço da
área do atual mercado. No restante da área, existia uma pracinha, o Largo do
Mercado ou Largo D’Aparecida, defronte à Igreja de Nossa Senhora Aparecida.
10. Na época, qual foi a importância, para a
população, de estruturar uma área destinada a trocas comerciais concentradas em
um único local?
Isto já acontecia, de um modo mais
desorganizado. Houve um facilitador, tanto para os comerciantes como para sua
clientela.
11. Quando se fala em Mercado Municipal,
logo se pensa em trocas comerciais, porém, sabe-se que vai muito além disso.
Quais outros tipos de trocas eram – e são- estabelecidas por lá?
Iniciavam-se namoros, solidificavam-se
amizades, debatia-se política, trocavam receitas e crendices, fofocavam e
conviviam. Os produtores da zona rural tinham acesso livre para vender seus
produtos, expostos no próprio chão, sobre um pano de saco. Eram principalmente
verduras, legumes, frutas, ovos, frangos, farinha de mandioca e de milho,
feijão, doces, entre outros. Os vendedores de peixe eram os próprios pescadores
do Rio Paraíba que comercializavam seus produtos, hoje entregue em grande
parte, por empresas pesqueiras, antes não havia peixes do mar, só peixes de rio
como: lambari, bagre, traíra, etc.
Também podiam ser encontrados fumo de rolo,
trançado de couro como o chicote, laços, utensílios feitos de lata, vassouras,
brinquedos de madeira, objetos de cerâmica como potes, moringas, talhas,
panelões, louça para cozinha, apitos, bem como armazéns completos, bares com
pastéis e outros comestíveis preparados na hora, tudo cercado pelos açougues.
Os produtores traziam seus produtos em
cavalos, burros e carros de boi que ficavam estacionados nas proximidades.
Hoje as bancas de pastéis, caldo de cana,
temperos atraem consumidores e turistas.
12. Como
a consolidação foi importante para desenvolver a cultura taubateana e criar-se
uma identidade social?
É inegável a contribuição do Mercado
Municipal como patrimônio Material e Imaterial. Ao visitá-lo compreendemos o
sentido da hospitalidade. A cultura hibridada nos costumes e gestos. Suas
memórias estão entre os feirantes e clientes. Desde o tempo em que se
comercializava os produtos artesanais dos figureiros, a musicalidade, a
culinária, a religiosidade, contribuem para a formação da identidade do
valeparaibano.
Este conjunto de saberes reúne elementos e tradições culturais os
quais estão associados à linguagem popular e oral.
13. De
que forma o Mercado construiu uma tradição entre sua população e fortaleceu a
relação de sua população, principalmente entre os mais velhos e os mais novos?
Os
laços de relacionamento se fortalecem na convivência simples e brejeira do
ambiente.
14. Durante
a formação cultural que ocorreu dentro do Mercado, dois grupos exerceram uma
importante influência: figureiros e os imigrantes. Quais foram os papéis
desempenhados por estes grupos? Como eles se caracterizavam?
Todo
domingo as figureiras faziam exposições no mercado municipal antes de ser
construída a casa dos figureiros. Sugiro que faça algumas entrevistas com elas,
principalmente as mais antigas.
15. Taubaté
era uma das cidades mais relevantes de nossa região ao final do século XIX e
começo do século XX. Qual era o impacto de Taubaté nas cidades vizinhas?
Somente nas
cidades vizinhas, que vinham comercializar seu excedente no Mercado Municipal.
Outras cidades como São José dos Campos, Caçapava, Pindamonhangaba,
Guaratinguetá, Lorena, Cunha tinham seus Mercados com bom desenvolvimento.
02. CICTED
TROCAS E COMPRAS:
O MERCADO MUNICIPAL DE TAUBATÉ
Sidneife Marcos de Freitas da Silva – Graduando 2º semestre de História
(sidneife.marcos@bol.com.br)
Syamala Martins Botero – Graduando 2º semestre de História
(syamala108@hotmail.com)
Orientador: Prof.º Me. Armindo Boll (cartataubate2@bol.com.br)
Este
trabalho tem como objetivo, pesquisar as origens e a importância do Mercado
Municipal de Taubaté, sendo que o município foi o primeiro núcleo habitacional
do Vale do Paraíba e preserva algumas das suas tradições. Após o período de
urbanização da cidade, produtos de origem rural como frutas, verduras, ervas,
flores, artesanato, doces e quitutes caipiras começaram a ser comercializados
no local. Parada obrigatória para viajantes e comerciantes, entroncamento de rotas
das Minas Gerais, São Luiz do Paraitinga, do porto de Ubatuba, no caminho de
São Paulo-Rio de Janeiro floresceu o seu comércio de troca e venda. Na área
externa do Mercado Municipal até hoje acontece a feira da barganha, ou
breganha, nos finais de semana. A metodologia utilizada foi o da revisão
bibliográfica, pesquisamos também no Mercado Municipal, no Museu
Municipal Prof. Paulo Camilher Florençano, no Arquivo Municipal e do inventário
elaborado pelo Projeto Taubaté Tempo e
Memória, ligado a Pró - Reitoria de Extensão, da UNITAU e destacamos o
Trabalho de Conclusão de Curso da historiadora Arlete Constantino Pessoa Raposo
intitulado “A gênese do Mercado Municipal
de Taubaté” de 2009, onde tiramos os seguintes depoimentos: Dona
Antônia Aparecida, ou como todos a chamam na feira, dona Tonica, de 90 anos,
chegou ao mercadão 14 anos depois da sua inauguração, em 1929; Francisco
Zeferino da Silva, conhecido no Mercadão como ‘Seu Chico’, de 61 anos. Ele
trabalha há 49 anos, desde os 13, mas o local existe há mais de 56 anos e
passou de seu pai, José Eugênio, mineiro fundador da pastelaria; Eliana
Aparecida Borges da Silva, de 38 anos, herdeira dos ensinamentos de sua avó e
da barraca de ervas de seu pai. Ao realizar essa pesquisa podemos perceber as trocas de experiências
agregando vivencias e saberes. Concluímos que esse comércio local, do Mercado
Municipal, evidencia algumas transformações ocorridas, porém preservando
algumas tradições desde o século XIX. Por isso, assinalamos sua importância
histórica para a cidade e para o Vale do Paraíba, pois o espaço desse mercado
se coloca além de um simples local de compra e venda, mas se afirma como um
espaço de convivência e de troca de sabores.
Palavras-chave: Mercado Municipal; História;
Memória; Comércio Popular
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